São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996 |
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Brasil vira prioridade da França na AL
DANIELA FERNANDES
A prova do interesse pelo mercado brasileiro é a feira França 2000, que começa amanhã com o objetivo de ampliar investimentos franceses e as relações comerciais entre os dois países. Os empresários franceses pretendem mostrar que seu "savoir faire" vai além dos renomados vinhos, queijos e perfumes. Eles querem participar de forma ativa principalmente das privatizações e concessões de serviços públicos, do mercado de automóveis, de redes de supermercados e de equipamentos para a agroindústria. Brasil volta à moda O fim da inflação, a abertura da economia e o programa de privatizações deram maior segurança aos investidores e fizeram com que o Brasil voltasse à moda para os empresários franceses, diz Jean Levy, cônsul da França no Brasil. Na década de 70, a França foi um dos países que mais investiram no Brasil. Em 87, 27% dos capitais aplicados no país eram franceses. Hoje, a França responde por 5,2% do total de investimentos diretos no país, ocupando o quinto lugar no ranking brasileiro. "A personalidade do presidente Fernando Henrique também contribuiu para estimular as relações entre os dois países", afirma Levy. O atual cenário econômico da França, em que a taxa de desemprego de 12,5% da população ativa vem freando o consumo, e o quadro semelhante de seus vizinhos, que apresentam crescimento econômico vegetativo -à exceção da Alemanha, principal importador da França- atraiu as empresas francesas para o sudeste asiático e a América Latina. "O Brasil é, desde o ano passado, nossa prioridade na região", diz André Lambert, adido comercial da Embaixada da França. Apenas neste ano, os franceses já anunciaram diversos investimentos no Brasil. A Renault decidiu instalar uma fábrica de automóveis no país, a Light foi comprada por um consórcio liderado pela Électricité de France (EDF), o Banque Nationale de Paris (BNP) está montando subsidiária integral em São Paulo e a agência de publicidade Publicis comprou a Norton, exemplifica Lambert. Além das empresas interessadas em atuar nas áreas de infra-estrutura (telecomunicações e saneamento), grandes supermercadistas, como Leclerc, Auchan e Casino estudam se instalar no Brasil. Motivo: recente mudança na legislação francesa, com o objetivo de proteger pequenos comerciantes, dificultou a implantação de lojas com área superior a 300 metros quadrados e proibiu que eles pratiquem preços inferiores aos de empresas de menor porte. Balança comercial Existem cerca de 300 empresas francesas no país. As dez maiores faturam US$ 8 bilhões. As dez principais companhias norte-americanas faturam US$ 23 bilhões no Brasil, diz Lambert. O fluxo comercial entre os dois países foi de US$ 2,4 bilhões em 95, segundo a Secretaria de Comércio Exterior do Brasil (Secex). A França vem registrando déficit nas transações com o Brasil nos últimos anos. A situação só foi revertida em 95, quando a França, segundo a Secex, teve superávit de US$ 340 milhões. Segundo Lambert, o objetivo da França não é chegar a um equilíbrio da balança, mas aumentar as relações comerciais. Texto Anterior: Consumidor mais rico também atrai construtores Próximo Texto: Consumidor nacional é 'bom de compra' Índice |
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