São Paulo, segunda-feira, 30 de setembro de 1996 |
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Mostra vê mundo diáfano de Mira Schendel
CELSO FIORAVANTE
Para os insaciáveis, tem ainda a mostra "Antarctica Artes com a Folha" (veja à pág. 4-3); as coletivas "Excesso", no Paço das Artes (av. da Universidade, 1, USP); "No Existem los Límites", na antiga Maternidade Condessa Filomena Matarazzo-Hospital Umberto Primo (al. Rio Claro, 190, Cerqueira César); e "Pequenas Mãos" no Centro Cultural Alumni (r. Brasiliense, 65, Brooklin). Mira A supersemana das artes plásticas não poderia começar melhor. Embora não seja a maior retrospectiva da artista já realizada na cidade, uma mostra de Mira Schendel representa sempre um alento, um sopro de civilidade no mercado das artes. Mira Schendel (1919-1988) era uma suíça que aqui se instalou -com mala, traço e cuia-, em 1949, aos 30 anos de idade. Era "cool", zen, leve e silenciosa. E sempre passava isso em sua obra. "Não tenho nada a falar. Tudo o que tenho a dizer está lá nas minhas pinturas", disse uma vez. Então ouça o que Mira tem a dizer por meio dos 152 trabalhos que o Sesi expõe a partir de hoje. Organizada pela curadora Sônia Salzstein, a mostra cobre toda a produção artística de Mira, embora tome os anos 60 como período referencial. São desse período, por exemplo, as monotipias que Mira realizou em papel de arroz, as quais abrem a mostra. Nelas é possível notar seu apego pelo humor e poesia, em frases colhidas ao acaso, mas que se tornavam pequenas chaves para seu universo íntimo. Em um deles, escreve "oggi ho disegnato questa porta" (hoje desenhei esta porta) e remete o espectador à sua crença na impossibilidade da representação. Mira tirava o máximo do mínimo. Logo percebeu que mesmo uma linha poderia ser muito em contato com o vazio. "A linha, na maioria das vezes apenas estimula o vazio. Não estou certa de que a palavra 'estimular' esteja correta. De qualquer modo, o que importa na minha obra é o vazio", disse. Mira realizou cerca de 2.000 monotipias entre 1964 e 1966. "Sua obra se desenvolve em períodos pequenos, mas de grande criatividade e intensidade. Cada trabalho seu é como uma descarga elétrica que a leva em direção a um outro trabalho", disse a curadora. A mostra marca ainda o lançamento de um livro homônimo. Organizado por Sônia Salzstein, traz ensaios e depoimentos de críticos e amigos da artista, como Haroldo de Campos, Guy Brett, Alberto Tassinari, Lorenzo Mammi e outros. O livro, em edição bilíngue (português e inglês) e 126 reproduções de obras, custa R$ 40. Mostra: No Vazio do Mundo - Mira Schendel Onde: Galeria de Arte do Sesi (av. Paulista, 1.313, tel. 011/253-5877) Vernissage: hoje, às 19h Quando: de terça a sexta, das 8h30 às 20h30; sábado e domingo, das 14h30 às 20h30 Quanto: grátis Texto Anterior: Entre o azul do céu e o grande azul da IBM Próximo Texto: As mostras da "supersemana" de artes plásticas Índice |
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