São Paulo, quinta-feira, 2 de janeiro de 1997
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Do velho ao novo Leste Europeu

MARIA ODETTE S. BRANCATELLI; CINILIA T. GISONDI OMAKI
DO VELHO AO NOVO LESTE EUROPEU

MARIA ODETTE S. BRANCATELLI
CINILIA T. GISONDI OMAKI
O Leste Europeu, expressão mais política do que geográfica, vive hoje uma situação muito parecida à do pós-Segunda Guerra.
Na Conferência de Yalta (1945), definiu-se o predomínio soviético na Europa centro-oriental. O socialismo foi, na maioria dos casos, imposto pela URSS em meio à expulsão dos nazistas.
Já na Albânia, Tcheco-Eslováquia e Iugoslávia, os próprios Partidos Comunistas implantaram o socialismo.
A Iugoslávia desenvolveu um socialismo peculiar, fora da influência soviética.
A URSS reprimiu as tentativas de desobediência à sua chefia na Polônia e na Hungria (1956) e na Tcheco-Eslováquia (1968 - Primavera de Praga).
Dessa forma, procurou manter os países do bloco subordinados à sua política e linha ideológica.
A "glasnost" (transparência) e a "perestroika" (reestruturação) de Gorbatchov levaram ao fim da URSS e do bloco socialista.
As antigas estruturas socioeconômicas foram desmontadas, agravando as desigualdades, desemprego, inflação, conflitos étnicos e tendências separatistas. A transição não levou, necessariamente, à democracia.
A desintegração do bloco socialista, após 1989, deu-se por várias vias: negociações entre as autoridades e a oposição (Polônia, Hungria e Bulgária); revolução popular violenta (Romênia); manifestações de massa pela democracia (Alemanha Oriental e Tcheco-Eslováquia).
Na Albânia, país mais fechado do bloco, pressões sociais e reformas provocaram a queda do stalinismo.
Na ex-Iugoslávia, explodiram os antigos problemas étnico-religiosos, desencadeando violenta guerra civil.
A queda do Muro de Berlim e a reunificação da Alemanha tornaram-se o maior símbolo do fim da "Cortina de Ferro".
No entanto, as reformas não avançaram no ritmo desejado em alguns países, gerando o declínio do prestígio do governo.
Na Polônia, Walesa não foi reeleito presidente. Na Rússia, os comunistas venceram as eleições legislativas, embora o presidente Ieltsin fosse reeleito.
Na era da globalização, a Rússia e o "novo" Leste Europeu convivem com o pior do socialismo e do capitalismo: atraso, burocracia, desemprego, inflação.
Essas dificuldades podem trazer de volta um "velho fantasma": o socialismo, agora sem a URSS.

Maria Odette S. Brancatelli e Cinília T. Gisondi Omaki são professoras de história do Colégio Bandeirantes.

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