São Paulo, sexta-feira, 3 de janeiro de 1997
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Pressão pela desvalorização do real vai crescer, diz economista

Para Guillermo Calvo, Brasil joga 'um jogo perigoso'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O economista argentino Guillermo Calvo, radicado nos Estados Unidos, disse ontem, em entrevista ao jornal argentino "Ambito Financiero", que o Brasil está "jogando um jogo perigoso".
O país tem "taxas de juros altas e uma dívida interna de 30% do seu Produto Interno Bruto -e em crescimento", declarou o economista.
Calvo, ex-assessor do ministro da Economia argentino, Roque Fernández, notabilizou-se por ter previsto a crise mexicana, no final de 1994.
Na entrevista, além de tratar da situação brasileira, o economista traçou perspectivas para outros países da América Latina, como Argentina e México, neste ano.
Calvo vê, no caso brasileiro, a possibilidade de que recrudesçam as pressões pela desvalorização do real. "Neste ano, vence uma importante parcela da dívida brasileira. A esse problema soma-se o déficit comercial, que fortalece os lobbies tradicionais dos exportadores para que a moeda seja desvalorizada", pondera.
O "seguro" contra esse estado de coisas, considera Calvo, está na política -é a articulação de Fernando Henrique Cardoso para aprovar no Congresso a emenda que permite sua reeleição para a Presidência.
"Ele tem que definir isso neste ano e não cairia no erro político de promover uma forte desvalorização do real", diz o economista.
Para Calvo, no entanto, "a dúvida é se essa situação pode ou não se tornar incontrolável".
Outros países
O economista prevê um 1997 róseo para a Argentina. Será, segundo ele, um ano de "boom" econômico para o país, impulsionado por um "choque de confiança" do exterior, que se traduzirá em grande aporte de capitais.
Esse conjunto de fatores, afirma ele, tornou o país o mercado mais atraente da América Latina hoje, superando o Chile pela primeira vez em anos.
Sobre o México, o economista argentino considera que o país "reduziu muito sua periculosidade, principalmente graças à imensa ajuda dos Estados Unidos".
Calvo advertiu, no entanto, que o país ainda tem muita dívida de curto prazo. "Por isso, deve-se esperar que a taxa de câmbio mude periodicamente", concluiu.

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