São Paulo, sexta-feira, 3 de janeiro de 1997 |
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Paraná traz renascimento e maracatu
JOÃO BATISTA NATALI
Três CDs por enquanto não comercializados trazem, os dois primeiros, 54 peças do renascimento espanhol, conhecidas como o "Cancionero de Uppsala"; o terceiro, gravado em julho, em Londrina, durante o 16º Festival de Música daquela cidade, traz interpretações felizes de Guerra-Peixe, Villa-Lobos e Francisco Mignone. Por detrás dessas produções, há dois reconhecidos maestros. No caso das partituras de Uppsala (universidade sueca em que elas foram localizadas, em 1904, por um diplomata espanhol), quem rege o coro da Camerata Antiqua de Curitiba é Roberto de Regina. Em Londrina, os músicos estão sob a direção de Norton Morozowicz, hoje diretor do festival, que, nos anos 80, impôs seu padrão de rigor e profissionalismo à Orquestra de Câmara de Blumenau (SC). O CD de Regina foi editado pela Fundação Cultural (Secretaria da Cultura) de Curitiba, e Morozowicz, por um laboratório londrinense. O "Cancionero de Uppsala" tem quatro ou cinco peças bem conhecidas dos que frequentam o renascimento ibérico. São canções de ritmo bastante cadenciado e eufórico, com flauta, bombarda e abundante percussão. O que a Camerata revela nessa versão integral é a complexidade da polifonia exclusivamente vocal. As peças, todas elas anônimas (com uma só exceção), trazem de duas a cinco vozes e recebem do maestro uma cadência que instintivamente produz um clima musical bem menos místico e bem mais para a sensualidade. O solo -assegurado por cinco sopranos, três contraltos, um contratenor, quatro tenores e quatro baixos- traz belíssimos timbres e, no conjunto, um contagiante bem-estar de interpretação. Único senão: a empresa da Zona Franca de Manaus que imprimiu os CDs não conseguiu separar as faixas de um deles, que traz, assim, 35 peças de música contínua. A gravação de Londrina não escorregou em problema semelhante e apresenta duas surpresas. A primeira delas é o conjunto de quatro peças que César Guerra-Peixe reuniu sob o título "Roda de Amigos", com solos de flauta (Curt Schroeter), oboé (Martin Schuring), clarineta (José Botelho) e fagote (Aloysio Fagerlande). Há requintes harmônicos como o emprego de dissonâncias para retratar o humor ou do valseado para o lirismo. A segunda são as nove partes em que se divide o "Maracatu de Chico Rei", talvez a mais popular das peças corais de Francisco Mignone, cujo centenário de nascimento será comemorado neste ano. O CD traz também "Fanfare for the Common Man", de Aaron Copland, e o prelúdio das "Bachianas nº 7" de Villa-Lobos. Disco: 16º Festival de Música de Londrina Direção: Norton Morozowicz Lançamento: Secretaria de Cultura de Curitiba Disco: Cancionero de Uppsala Direção: Roberto de Regina Informações: Tel. (043) 324-7233 Texto Anterior: Spielberg reúne elenco negro em Porto Rico Próximo Texto: Filme retrata família do ponto de vista da infância Índice |
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