São Paulo, sexta-feira, 3 de janeiro de 1997
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Konder prioriza infra-estrutura cultural

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Manter a velocidade de cruzeiro e fazer mais investimentos na área de infra-estrutura. Esse é o projeto de Rodolfo Konder para os próximos quatro anos como secretário municipal de Cultura.
Secretário durante a gestão Paulo Maluf, Konder foi mantido no cargo pelo novo prefeito, Celso Pitta.
Para melhorar a infra-estrutura da rede municipal, Konder vai contar com um orçamento previsto de R$ 242,5 milhões neste ano -o maior já concedido à área de cultura, embora só represente 3,17% do orçamento geral da prefeitura de São Paulo para 1997.
Esse orçamento -que ainda não foi publicado- significa um substancial aumento em relação ao ano passado, quando a área de cultura contou com R$ 91,5 milhões -cerca de 1,5% do orçamento da prefeitura.
A verba para 97 será destinada, prioritariamente, à construção e reforma de centros de cultura e bibliotecas públicas.
"No primeiro governo nós priorizamos a produção", diz.
Atualmente existem 65 bibliotecas municipais. Konder pretende construir mais cinco nos próximos quatro anos. O projeto dele prevê também a criação de mais seis casas de cultura -hoje existem 14.
"Há regiões carentes da cidade onde a secretaria deveria estar mais presente", afirma.
Paralelamente, Konder pretende manter o número de atividades promovidas pela secretaria -entre 1.500 e 2.000 por mês, segundo ele. É a tal velocidade de cruzeiro.
"Às vezes dizem: 'O Konder só se preocupa com showzinhos na rua'. Essa crítica não é justa. Nossa preocupação não é só com quantidade, mas com qualidade", diz.
Nos próximos quatro anos, a secretaria tem outros sonhos. O diretor artístico do Teatro Municipal, o maestro Isaac Karabitchevsky, pretende, por exemplo, transformar a orquestra do teatro na melhor sinfônica da América Latina.
E, se dependesse de Konder, o Teatro Municipal viraria uma fundação de direito privado, tal e qual a Fundação Padre Anchieta.
"Mas os órgãos técnicos da prefeitura são contra", lamenta.
Desvio durante a campanha
O único receio de Konder é que o orçamento não chegue até a secretaria. "O dinheiro pode constar do orçamento e não chegar às nossas mãos", afirma.
Foi o que ocorreu com parte do orçamento de 1996, "congelada" na secretaria de Finanças.
Isso significa que o dinheiro foi reservado para a secretaria, mas não pôde ser usado.
"Nos últimos seis meses tivemos muita dificuldade para conseguir dinheiro. Estava sempre congelado. Embora estejamos em uma área tropical, as coisas aqui também congelam", ironiza.
Esse fenômeno ocorreu durante o período de campanha eleitoral.
"Sei que há uma margem de remanejamento do orçamento das secretarias pela prefeitura. Muitas obras estavam sendo terminadas nesse período e havia necessidade de pagar as empresas. Mas não saberia dizer de que modo isso afetou o orçamento da secretaria", afirma Konder.
Inimigos políticos Quando aceitou trabalhar com Maluf, Konder causou uma das principais polêmicas do início do governo.
Era um ex-militante comunista, que foi preso, torturado e obrigado a se exilar, trabalhando com uma das principais lideranças políticas do regime militar.
Konder reconhece que foi "inimigo político" de Maluf, mas afirma que "o mundo da guerra fria acabou e o socialismo naufragou".
"Não viemos endossar qualquer política de natureza repressiva. Viemos para assegurar um espaço democrático. E fizemos uma política muito mais aberta do que o PT", afirma Konder.

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