São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Apartamentos 'encolhem' 25 m² desde 80

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Sucesso na classe média, os apartamentos de dois e três dormitórios ficam cada vez menores, para desespero dos compradores.
Segundo pesquisa do Secovi (sindicato das construtoras e imobiliárias de São Paulo), os apartamentos de três dormitórios nos anos 80 tinham 110 m², em média. Hoje em dia, sua área foi reduzida para 85 m².
Para tentar amenizar os problemas inerentes a essa redução de espaço, as construtoras optaram por ampliar a área de convivência da família, integrando os ambientes da moradia.
Assim, a maioria dos lançamentos traz hoje a sala de estar integrada à de jantar e à varanda.
A área de lazer também foi mais valorizada pelas construtoras. Hoje, elas podem ser utilizadas por pessoas de todas as idades.
Mas, para os arquitetos consultados pela Folha, essa tendência não agrada muito os compradores. Segundo esses arquitetos, os projetos ainda têm divisões demais e espaço de menos.
"É muito melhor um apartamento com mais dimensão e menor número de cômodos do que o contrário", afirma o arquiteto João Armentano.
Isso é observado principalmente nos apartamentos de quatro dormitórios, que dispõem ainda de várias salas, todas divididas.
Nos apartamentos menores, o quarto e o banheiro da empregada acabam virando depósito. Com isso, as divisões acabam desperdiçando ainda mais espaço.
"Muitas vezes as construtoras têm medo de inovar, por causa do gosto do público, que não muda muito", afirma Gil Carvalho.
Segundo ele, quando um projeto mais arrojado é lançado e faz sucesso, os empresários correm para copiar, e o público se acostuma.
Vontade do público
Para acompanharem essas tendências, as construtoras Cyrela e Gafisa, por exemplo, fazem pesquisas com os compradores.
"Entrevistamos todas as pessoas que passam por nossos estandes de venda, mesmo que não comprem o imóvel", afirma Odair Senra, diretor da Gafisa.
Segundo ele, ao escolher um apartamento, as pessoas olham -pela ordem de importância- a área social, as suítes, cozinha, número de vagas na garagem e o preço com a forma de pagamento.
O arquiteto Sig Bergamin também critica a preferência do público brasileiro pelas divisões.
"As pessoas precisam entender que é mais confortável e econômico ter dois quartos grandes a ter quatro pequenos", diz.
Os apartamentos deveriam ter espaços múltiplos, na opinião do arquiteto Benedito Abbud.
"É uma tendência americana. O mesmo espaço é usado como sala durante o dia e quarto à noite."

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