São Paulo, domingo, 5 de janeiro de 1997
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Material genético ajuda estudo de doenças complexas

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há alguns anos, muitos cientistas consideravam impossível decifrar a base genética das doenças chamadas complexas, nas quais se misturam genes e fatores ambientais.
Mas os geneticistas conseguiram vencer o desafio e, na reunião da Organização do Genoma Humano, realizada em março de 1996 em Heidelberg, Alemanha, o assunto foi o tema central dos debates e estudos.
Atualmente é muito grande o interesse pelas doenças complexas, e os cientistas estão recorrendo a muitos meios para disseminar o problema, na esperança de obter fundos e material de pesquisa, em particular amostras de DNA de famílias afetadas, e conscientização do que o trabalho de detecção representa para os interessados e os cientistas.
Os pesquisadores têm recorrido a várias estratégias para consecução de seus objetivos.
Entre elas figura a formação de consórcios de geneticistas para traçar programas e uniformizar técnicas, o uso de meios de propaganda, como cartazes nos locais de grande movimento, como as estações de metrô e as cabines de telefone, a procura de grupos étnicos específicos, como está fazendo um consórcio norte-americano em relação à asma (uma dessas doenças) etc.
Uma tarefa comum é procurar DNA (material genético) de famílias de afetados, o que tem de ser feito em larga escala.
Não há muito, o geneticista de Toronto (Canadá) Noel Zamel partiu de Cape Town (África do Sul) em tormentosa viagem de oito dias rumo à pequenina ilha de Tristão da Cunha, no meio do Atlântico Sul, para examinar a colher DNA e outros materiais dos 301 habitantes da solitária ilha, todos primos entre si.
Outros procuram centros como a Finlândia, onde a endogamia (consanguinidade) é muito acentuada e as condições de trabalho muito favoráveis, em consequência do alto nível cultural do povo e seu espírito de cooperação.
Por meio desses esforços, Zamel conseguiu, por exemplo, localizar dois genes da asma de grande atividade e dois mais fracos.
E vários outros genes estão sendo identificados, como alguns ligados ao mal de Alzheimer, outros relacionados com as duas formas de diabetes e outros males.
Assim, valendo-se dos progressos tecnológicos e da elaboração de mapas adequados dos cromossomos, com a técnica dos chamados "microssatélites", os pesquisadores vão progredindo em meio às maiores dificuldades e canseiras, para obter informações preciosas a respeito das doenças complexas.

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