São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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Cúpula se contradiz no caso Vaccarezza

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Em clima marcado por contradições, a cúpula do PT se reúne hoje para discutir o caso de Cândido Vaccarezza, secretário-geral do partido que foi flagrado como funcionário "fantasma" do gabinete do vereador malufista Brasil Vita (PPB).
Ontem, Vaccarezza negou que José Dirceu, presidente do PT, tenha pedido explicações por escrito sobre o caso, assim que teria tomado conhecimento do assunto.
Francisco Rocha da Silva, secretário de Organização do partido, afirmara, a pedido de Dirceu, que o presidente da legenda tomara aquela providência.
"Nunca recebi um pedido de explicações", disse Vaccarezza. O dirigente confirmou que conversou com Dirceu sobre o caso, mas que não houve solicitação formal de explicações.
Vaccarezza, Rocha e Dirceu pertencem ao bloco que dirige o PT e, até o episódio do abrigo do secretário-geral em gabinete malufista, atuavam unidos.
A tendência é que a reunião de hoje, em São Paulo, que não tem um caráter formal, tente "abafar" o constrangimento com uma condenação tênue ao procedimento de Vaccarezza.
A discussão deve ser remetida para a Executiva da legenda, que tem reunião marcada para o próximo dia 20.
Renúncia
O deputado federal Milton Temer (PT-RJ) pediu a saída de Vacarrezza de seu cargo. "Vacccarezza não é desonesto, trabalha muito para o partido, mas o PT não pode pagar pelo seu erro."
Para o deputado fluminense, o fato de o dirigente ter se acomodado em gabinete malufista deixou o PT em má situação. "A força do PT é a negação disso", acha.
Temer ressalvou que concorda com a utilização de funcionários do Legislativo para o trabalho partidário, mas que o caso de Vaccarezza não é comum. "Ao ir para um gabinete do PPB, ele deixou o PT com o rabo preso", declarou.
Vaccarezza descartou a renúncia ao cargo. No PT, o secretário-geral é o segundo político com mais poder na legenda, só superado pelo presidente.
"Não renuncio, e o PT tem que definir se pára de usar os cargos do Legislativo ou assume que sua política é correta", disse Vaccarezza.
Com a crise detonada pelo caso, ganhou corpo no partido a ala que defende o fim da política de financiar-se com o dinheiro do Legislativo, com a utilização de funcionários pagos por aquele Poder.
Uma das soluções ensaiadas para a reunião de hoje prevê, junto com a tímida censura a Vaccarezza, a abertura da discussão sobre o fim da tradição de manter a máquina partidária com o expediente de recrutar funcionários pagos pelo Legislativo.

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