São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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Vereadores de SP querem carro zero km, com ar-condicionado

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Câmara Municipal vai trocar sua frota de 55 Voyage. Os carros, ano 92, serão trocados por modelos Santana 96, com ar-condicionado e direção hidráulica. A mordomia parlamentar deverá custar cerca de R$ 1,2 milhão.
Essa quantia seria suficiente para construir 70 apartamentos do projeto Cingapura, que abrigariam pelo menos 350 pessoas.
Na sexta-feira, um grupo de vereadores fez pedido formal para troca dos carros ao presidente da Câmara, Nello Rodolpho (PPB).
Rodolpho determinou a formação de comissão que vai apresentar relatório esta semana sobre as condições da frota atual -primeiro passo para a compra, que terá de ser feita via licitação por ultrapassar o limite de R$ 480 mil.
A "comissão dos carros", como foi batizada, é liderada pelo vereador Vicente Viscome (PPB). Tem ainda Carlos Neder e Henrique Pacheco (ambos do PT) e Milton Leite, do PMDB.
"Os Voyage não têm mais condições de uso. Vivem na oficina e quase não têm mais peças de reposição porque o carro saiu de linha. O veículo é instrumento de trabalho do vereador", disse Viscome.
Para o petista Carlos Neder, a compra é necessária. "Os vereadores vêm de camadas sociais diferentes. Muitos não têm condições de usar o próprio carro porque sequer têm um", disse.
A Folha apurou que, na reunião com Rodolpho, os vereadores chegaram a cogitar a compra do modelo Vectra, o que tornaria a compra cerca de R$ 500 mil mais cara.
Os próprios vereadores, no entanto, concluíram que a compra de carro tão luxuoso repercutiria negativamente junto à opinião pública. Optaram pelo Santana.
A reportagem apurou ainda que a maioria dos 55 Voyage foi avariada por excesso de uso durante a campanha eleitoral. Os vereadores usaram os carros oficiais para visitar suas bases eleitorais.
Funcionário da Câmara, que pediu para não ser identificado, por temer represálias, disse que a maioria dos vereadores "estourou" a cota de 400 litros mensais de combustível nos cinco meses anteriores à eleição.
Os vereadores tentam trocar os carros desde o ano passado. A última investida ocorreu em junho, na gestão de Miguel Colasuonno (PPB) na presidência. Ele não autorizou a compra pelo mesmo motivo que a "comissão dos carros" descartou o modelo Vectra: má repercussão junto à opinião pública.

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