São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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Concorrência faz indústria investir mais

DANIELA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A concorrência cada vez maior das marcas internacionais está levando os três maiores fabricantes de chocolates do país a ampliar seus investimentos em novas tecnologias e marketing.
Nestlé, Garoto e Lacta, que juntas detêm 86% do mercado, segundo dados da Nielsen, estão de olho nos novos concorrentes -grandes fabricantes mundiais-, que estão construindo fábricas ou trazendo seus produtos, como Ferrero Rocher, Mars, Arcor e a inglesa Cadbury's.
A concorrência é tão intensa que essas empresas preferem não revelar seus objetivos no país.
O que atraiu essas marcas foi o grande crescimento do mercado de chocolates no Brasil, principalmente após o Plano Real, quando o setor conquistou novos consumidores devido ao aumento do poder aquisitivo.
Em 95, as vendas da indústria de chocolates cresceram 37% sobre 94, atingindo R$ 1,5 bilhão. Em 96, o crescimento estimado -ainda sem confirmação- foi de 7%.
"O Brasil está concentrando os maiores fabricantes mundiais. Vamos ter uma batalha nos próximos dois anos. As empresas vão lançar novos produtos e fazer um marketing diferenciado. O consumidor é quem irá se beneficiar", afirma Getúlio Ursulino Neto, presidente da Abicab, que reúne os fabricantes de chocolates.
Reação rápida
"Estamos nos movimentando rapidamente. Precisamos ter tecnologia avançada para enfrentar a concorrência", considera Jacob Cremasco, diretor-comercial da Garoto.
A empresa, que investiu US$ 28,6 milhões em 1996 em automação e em um novo centro de distribuição, irá investir US$ 45 milhões nos próximos três anos na compra de novos equipamentos.
O objetivo é aumentar a capacidade de produção da empresa, passando, nesse período, de 92 mil para 120 mil toneladas/ano, afirma Cremasco. A empresa irá também lançar produtos.
O faturamento da Garoto cresceu 8% no ano passado, atingindo US$ 502 milhões. Para 97, a expectativa é de 6% de aumento.
A Nestlé irá investir cerca de US$ 24 milhões em 97 somente na modernização e ampliação do processo de produção, afirma Mário Yon, diretor da área de chocolates.
A verba de marketing da empresa neste ano para toda a sua linha de produtos é de US$ 170 milhões.
Os chocolates são o terceiro produto mais vendido pela multinacional suíça no Brasil.
Em 96, as vendas atingiram cerca de US$ 400 milhões, correspondendo a 12% do faturamento da empresa. As vendas da Nestlé também cresceram 8% sobre 95.
A estratégia da Lacta será a de ampliar seus investimentos em publicidade, informa Anthony Walters, diretor de marketing da Philip Morris, que adquiriu a empresa no ano passado.
Sem revelar os valores que serão investidos, Walters diz que as campanhas irão reforçar a imagem das marcas líderes da Lacta, como Sonho de Valsa e Bis.
A Lacta, que perdeu mercado no primeiro semestre de 96 em razão de dificuldades financeiras, deverá registrar o mesmo faturamento do ano anterior -cerca de R$ 420 milhões-, devido à recuperação no final do ano.
A última pesquisa da Nielsen revela que a Lacta passou à liderança do mercado, com 29,7%. Nestlé e Garoto estão empatadas, com 28,1% cada.

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