São Paulo, segunda-feira, 6 de janeiro de 1997
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Martin encara o musical

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"New York, New York" (TNT, 14h) vem a calhar quando se pensa que, há pouco tempo, o britânico Peter Greenaway deu uma esnobada solene em Martin Scorsese, como se ele fosse uma espécie de burocrata de mise-en-scène.
Vamos esquecer que Greenaway tem o rei na barriga. Neste filme, o desafio de Scorsese consiste em ir atrás de uma grande tradição do cinema americano, o musical, ao contar a história dos amores nem sempre límpidos entre uma cantora (Liza Minnelli) e um saxofonista (Robert De Niro).
Não se trata de um esforço nostálgico, mas de atualizar o musical, atribuindo-lhe algo que o gênero nunca antes absorvera. Da maneira como De Niro atua aos detalhes da vida dos músicos, tudo evoca a história dos musicais, sua magia, sua fantasia.
Ao mesmo tempo, trabalha exatamente aquilo que o classicismo rejeitava, coisas como a evolução adulta dos personagens, ou a realidade do meio musical (pouco glamourosa).
Não há ruptura com o passado, mas uma distância que é, já, reconhecimento e transformação desse passado. É um cinema antiesnobe, feito por alguém que traduz na tela sua adoração pela arte que pratica. É o inverso mesmo da concepção de Greenaway.
(IA)

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