São Paulo, terça-feira, 7 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC deve buscar unidade, diz Sarney

RAQUEL ULHÔA; DANIEL BRAMATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), afirmou ontem que, se o governo quiser evitar a disputa entre o PMDB e o PFL pela presidência do Senado, caberá ao presidente Fernando Henrique Cardoso o papel de mediador para buscar o entendimento entre os dois partidos.
"A questão é política, não apenas parlamentar. O presidente da República não pode ficar alheio. Se há divergências entre os partidos da base de sustentação do governo e se é para fazer uma composição política, o presidente tem de entrar", disse Sarney.
O líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), está preocupado com as "sequelas" que a disputa entre os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Iris Rezende (PMDB-GO) poderá provocar. O líder quer tentar uma composição entre eles, para que haja uma chapa única.
"Se houver disputa em plenário, qualquer que seja o resultado, os reflexos serão negativos para o governo", disse o líder.
Reeleição
Com a Câmara prestes a votar a emenda constitucional que permitirá sua reeleição, FHC precisa mais do que nunca de sua base unida no Congresso.
O líder afirmou também que a disputa entre PMDB e PFL traria desequilíbrio à composição da Mesa e às presidências das comissões temáticas do Senado.
Atualmente, os cargos são divididos entre os partidos, proporcionalmente às bancadas.
Segundo ele, uma eleição para presidente da Mesa provocará disputas entre os senadores também pelos outros cargos, comprometendo o "equilíbrio de forças" no Senado.
ACM disse ontem que está "pronto para o entendimento", mas acha que quem deve propor a negociação é Sarney e os líderes governistas. ACM tem dito que aceita o acordo desde que ele seja o candidato a presidente.
Elcio Alvares apontou Sarney como o senador que tem "autoridade" para buscar o acordo.
Ao ser indagado sobre sua disposição de mediar a negociação, Sarney jogou a responsabilidade para FHC. "Se os candidatos me chamarem e me pedirem para intermediar, estou pronto. Mas essa é uma questão política. E aí o presidente tem de entrar", disse.
O candidato do PMDB negou a possibilidade de acordo que implique sua desistência. "Não existe essa hipótese. Qualquer decisão que eu tome tem de passar pelos 11 senadores da oposição e os 21 do PMDB que me apóiam. A candidatura não é mais minha", disse Iris.
Convocação
No primeiro dia da convocação extraordinária do Congresso, a Câmara desperdiçou pelo menos R$ 281 mil no pagamento de "ajuda de custo" a parlamentares que deveriam estar trabalhando, mas não voltaram do recesso de final de ano.
O cálculo leva em conta a ausência de 422 deputados, ontem. Além do salário de R$ 8.000, cada um embolsa cerca de R$ 666 por cada dia útil da convocação (R$ 16 mil, no total).
A ausência não será descontada da ajuda de custo porque ontem não houve votação -uma espécie de "ponto facultativo".
Não foi possível calcular o total pago aos senadores ausentes, já que o Senado não fez controle de presenças ontem. O custo total da convocação é de cerca de R$ 40 milhões, valor que equivale ao custo de 8.000 casas populares, suficientes para abrigar aproximadamente 40 mil pessoas.
O principal motivo da antecipação do início dos trabalhos do Congresso (o recesso deveria durar até fevereiro) é a votação da emenda que permite a reeleição de Fernando Henrique Cardoso.
Outra despesa extra foi provocada pela posse dos suplentes que assumiram as vagas dos deputados eleitos prefeitos. Além da ajuda de custo de R$ 16 mil e do salário de R$ 8.000, eles têm direito a mais um salário extra no momento da posse.

Colaborou DANIEL BRAMATTI

Texto Anterior: Delegados são contra emenda, diz Quércia
Próximo Texto: Decisão do PMDB define futuro de FHC
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.