São Paulo, terça-feira, 7 de janeiro de 1997
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Barragem provoca tensão em Ouro Preto

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A população de Ouro Preto (Minas Gerais) que mora na parte baixa da cidade viveu na tarde de ontem momentos de tensão.
O prefeito, José Leandro Filho (PL), ocupou as rádios locais e alto-falantes da cidade para pedir que os moradores da parte baixa abandonassem as casas para que uma barragem natural fosse esvaziada.
O problema surgiu em um vale localizado na parte alta da cidade, que acumulou uma grande quantidade de água, formando uma barragem natural. O volume de água não foi calculado.
O prefeito disse que havia o risco de a barragem ceder e provocar mais tragédias.
Segundo Leandro Filho, o pedido para que a população deixasse a parte baixa de Ouro Preto foi uma precaução. Durante toda a tarde a água foi drenada e uma grande quantidade de lama e sujeira desceu dos morros.
A operação, bem-sucedida, teve o objetivo de esvaziar aos poucos essa barragem, por meio de uma drenagem no vale.
O Corpo de Bombeiros informou que muitos moradores deixaram suas casas, mas se mantiveram por perto para tentar salvar alguma coisa.
Nos últimos dias, 13 pessoas morreram soterradas na cidade histórica e cerca de 200 estão desabrigadas. Os bairros Volta do Córrego, Água Limpa e do Rosário, todos na periferia, foram os mais atingidos.
O prefeito de Ouro Preto estima em cerca de R$ 10 milhões os estragos. Segundo Leandro Filho, por enquanto, as igrejas e outros prédios históricos de Ouro Preto não estão ameaçados com as chuvas.
Quase todo o conjunto barroco, que se tornou patrimônio histórico da humanidade, está situado em uma parte alta da cidade, longe das encostas.
Topografia
O topografia montanhosa de Minas e a concentração de chuvas entre novembro e abril fazem com que o Estado seja vulnerável a enchentes nesse período.
O terreno íngreme permite que as águas se escoem mais rapidamente. As nascentes das maiores bacias brasileiras se localizam em Minas Gerais, com exceção da do Amazonas e do Tocantins.
No Estado, nascem o rio Grande e o rio Paranaíba que, juntos, vão formar o rio Paraná na divisa com São Paulo. Mais da metade da água do rio São Francisco é colhida de afluentes mineiros.
Nesta época do ano, a quantidade de água desses rios pode aumentar quase nove vezes. É o caso da barragem de Três Marias, no rio São Francisco, que vem recebendo atualmente 6 milhões de litros por segundo -sua média anual é de 700 mil litros por segundo.

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