São Paulo, terça-feira, 7 de janeiro de 1997
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Vendas de trator despencaram

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas de máquinas agrícolas -tratores, cultivadores, colheitadeiras- despencaram em 96. De janeiro a novembro do ano passado, o setor vendeu 12.885 unidades no atacado, 41,6% menos do que no mesmo período de 95.
Em relação aos primeiros 11 meses de 94, o desempenho foi ainda pior: redução de 70%.
"A situação é dramática. As vendas caíram ao nível de 1963", diz Rasso von Reininghaus, diretor da New Holland, segundo maior fabricante de tratores do país.
Reininghaus diz que o mercado parou em abril de 95, quando o governo suspendeu as linhas de créditos existentes para o setor, inviabilizando a compra de novas máquinas. Nesse ponto, o agricultor já estava endividado e inadimplente junto aos bancos.
"Em 93 e 94, o agricultor foi encorajado a tomar financiamentos com indexação pela TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo). Os juros foram para a estratosfera e os preços agrícolas caíram", explica.
A renegociação da dívida dos agricultores junto ao Banco do Brasil somente foi completada em setembro de 1996. Mas o agricultor continua endividado. "Ele agora está com medo de assumir qualquer financiamento com indexador", diz Reininghaus.
Os fabricantes de máquinas agrícolas prevêem melhor desempenho do setor neste ano. As vendas devem crescer cerca de 40% em relação a 96, resultado ainda insuficiente para recuperar as perdas dos últimos dois anos.
Segundo Reininghaus, as vendas de máquinas vão crescer. "O mercado interno se expande, a demanda por produtos agrícolas aumenta e os preços estão subindo."
Além disso, o governo anunciou, no final de novembro, uma nova linha de crédito, de US$ 200 milhões, que deve impulsionar os negócios. O agricultor poderá pagar o empréstimo em até cinco anos, com juros fixos de 16% ao ano.
Mas, por enquanto, esse anúncio somente piorou a situação para os fabricantes e revendedores. "As vendas em dezembro foram um desastre. Ninguém compra nada à espera da liberação da nova linha de crédito", diz Reininghaus.
Para o diretor da New Holland, ainda há muito espaço para a venda de máquinas agrícolas no país. O índice de mecanização agrícola é baixo em relação a outros países.
O Brasil tem um trator para cada 107 hectares. Na Argentina, há um para cada 70 hectares. Em países como França e Alemanha, há um trator para 12 hectares.

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