São Paulo, quarta-feira, 8 de janeiro de 1997
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Sem-terra preparam nova invasão

Nova ação na região pode acontecer a qualquer momento

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Cerca de 1.900 famílias ligadas ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) estão "de prontidão", perto das fazendas Santa Rita e Taquaruçu, para novas invasões no Pontal do Paranapanema, afirmou o líder do movimento, José Rainha Jr..
Ele disse ontem que novas invasões de terra podem acontecer a qualquer momento, "se os fazendeiros radicalizarem". "Vamos cumprir a lei, mas não vamos aceitar a arrogância dos fazendeiros", afirmou Rainha.
Ele acusa a UDR (União Democrática Ruralista) de armar pistoleiros em áreas invadidas pelo movimento e de atrapalhar acordos de desapropriação de terras para fins de reforma agrária.
O presidente da entidade ruralista em Presidente Prudente, Roosevelt Roque dos Santos, 49, estava viajando ontem no interior do Mato Grosso. A direção da entidade afirmou que quer aguardar seu retorno para se manifestar.
A situação no Pontal, no extremo oeste do Estado, voltou a ficar tensa quando 1.200 famílias invadiram, anteontem de madrugada, cinco fazendas nos municípios de Euclides da Cunha, Teodoro Sampaio e Marabá Paulista.
Ontem, a tensão se concentrou na fazenda Santo Antônio, em Marabá Paulista (660 km a noroeste de São Paulo), invadida por 300 famílias. A Justiça concedeu reintegração de posse ao proprietário.
As negociações para retirada dos sem-terra duraram toda a manhã. Segundo o MST, pelo menos 20 homens armados cercaram a área durante a tentativa de retirada dos invasores.
Acordo
A fazenda Porto Letícia, uma das cinco invadidas pelos sem-terra anteontem no Pontal, já tinha sido objeto de acordo entre o proprietário e o governo do Estado para desapropriação.
O acordo foi confirmado pelo proprietário da fazenda, Benedito Carlos Mano, pelo secretário estadual da Justiça, Belisário dos Santos Jr., e pela coordenadora do Itesp, Tânia Andrade.
Rainha afirmou que desconhecia o acordo. "As áreas ocupadas eram próximas. Se tiver acordo, melhor ainda", declarou.
O fazendeiro classificou a invasão como "farra dos sem-terra". "Eles (sem-terra) não só podem prejudicar o meu acordo como outros, de outras fazendas. O acordo já estava praticamente fechado".

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