São Paulo, quarta-feira, 8 de janeiro de 1997
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Jungmann não negociará com invasores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA AGÊNCIA FOLHA

O ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) não irá negociar com invasores de fazendas em São Paulo e vai se empenhar pela aprovação de lei que veda desapropriação de imóveis invadidos.
Segundo a assessoria do ministro, o governo de São Paulo também não vai dialogar com os líderes das 1.200 famílias que invadiram, no último domingo, cinco fazendas no Pontal do Paranapanema (extremo oeste do Estado).
O presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Nestor Fetter, disse que não vai liberar o pagamento de indenizações de terras invadidas no Pontal.
Jungmann mandou seu gabinete devolver fax enviado por José Rainha Jr., 36, líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), sobre novas invasões.
No fax, Rainha diz que as invasões visaram pressionar fazendeiros da região a aceitar o acordo de indenização proposto pelo Incra.
Segundo a assessoria de Jungmann, o projeto que veda desapropriação de áreas invadidas deverá ser votado na próxima semana.
Para tentar acertar a data da votação, o ministro ligou ontem para os deputados Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), presidente da Câmara, e Benito Gama (PFL-BA), líder do governo.
Jungmann pediu ao ministro da Justiça, Nelson Jobim, que autorize a Polícia Federal a levantar informações sobre o assassinato, no sábado, de dois sem-terra em Eldorado do Carajás, onde 19 foram mortos em abril passado.
Novas invasões
O líder dos sem-terra José Rainha Jr. afirmou que cerca de 1.900 famílias ligadas MST estão "de prontidão", perto das fazendas Santa Rita e Taquaruçu, para novas invasões no Pontal.
Ele disse que novas invasões de terra podem acontecer a qualquer momento, "se os fazendeiros radicalizarem". "Vamos cumprir a lei, mas não vamos aceitar a arrogância dos fazendeiros", afirmou.
Ele acusa a UDR (União Democrática Ruralista) de armar pistoleiros em áreas invadidas pelo movimento e de atrapalhar acordos de desapropriação de terras.
O presidente da entidade ruralista em Presidente Prudente, Roosevelt Roque dos Santos, 49, estava viajando ontem no interior do Mato Grosso.
A direção da entidade afirmou que quer aguardar seu retorno para se manifestar.

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