São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
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FHC precisa de 108 votos para aprovar a reeleição

Levantamento da Folha mostra apoio de 200 deputados à emenda

ANA MARIA MANDIM; AUGUSTO GAZIR; DANIELA FALCÃO; FRANCISCO CÂMPERA; PAULO SILVA PINTO; XICO SÁ
DOS ENVIADOS ESPECIAIS E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Levantamento feito pela Folha junto a 481 dos 513 deputados federais revela que apenas 200 declaram abertamente apoio à emenda da reeleição -108 a menos que o mínimo necessário.
Para aprovar a emenda da reeleição para o presidente Fernando Henrique Cardoso, são necessários pelo menos 308 votos. Os 481 parlamentares entrevistados pela Folha representam 93,8% do total.
Pelo menos 188 deputados se dizem contra a emenda que favorece o presidente. Nessa categoria estão os contrários à emenda (126) e aqueles que são favoráveis à tese da reeleição, mas com uma ressalva: apenas para os sucessores do atual presidente (62).
O governo considera que esses 62 podem acabar mudando de posição e apoiar a possibilidade de reeleição já para FHC. Caso isso não ocorra, a oposição precisa de mais 18 votos para derrubar a emenda -isso no caso de os 513 deputados estarem em plenário.
O levantamento registrou 75 parlamentares indecisos. Um grupo de 17 optou por não responder sobre o assunto e 32 não foram localizados pela Folha -estão viajando ou não responderam às ligações telefônicas.
As entrevistas, feitas na Câmara dos Deputados ou por telefone de terça a quinta-feira, revelaram uma curiosidade: sentindo-se na condição de possível presidente da Câmara, o tucano Wilson Campos (PE) foi o único a optar pela abstenção. "Sendo assim, não é ético que eu declare o meu voto", disse.
Para sair vitorioso do plenário da Câmara, o governo, de acordo com o levantamento, precisaria conquistar todos os indecisos (75) e mais 33 parlamentares entre aqueles que não quiseram responder ou estão viajando.
A base governista, que deveria ser automaticamente favorável à reeleição, apresentou um grupo de 46 rebeldes contra a reeleição.
Partidos
O PMDB, que realiza convenção no domingo para definir a sua posição sobre o tema, apresenta uma situação favorável ao governo federal.
No PMDB, o caso do deputado cearense Gonzaga Motta chama a atenção: é a favor da reeleição por ser um antigo aliado da tese, mas acha que a decisão deveria passar por um plebiscito.
No PPB do ex-prefeito Paulo Maluf, a maioria segue a orientação da direção do partido: 28 disseram ser contra e 11 a favor. Os indecisos somam 19.
Entre os pefelistas, aliados naturais do governo federal, existe uma dezena de deputados que se declara contra a reeleição do atual presidente. Além disso, um grupo de 17 confessa indecisão sobre o assunto.
"Esse negócio de ser tucano está bom, a reeleição tem prós e contras", disse Lima Netto (PFL-RJ), um dos pefelistas indecisos.
"Fernando Henrique é um dos melhores presidentes que o Brasil já teve, mas, queira ou não queira, há um casuísmo."
Tucanos rebeldes
Até mesmo dentro do partido de FHC, o PSDB, há registro de rebeldia. Cinco deputados afirmam votar contra a pretensão do Palácio do Planalto.
Os tucanos que se declaram na contramão do partido são os seguintes: Almino Affonso (SP), Koyu Iha (SP), Tuga Angerami (SP), Domingos Leonelli (BA) e Paulo Mourão (TO).
(ANA MARIA MANDIM, AUGUSTO GAZIR, DANIELA FALCÃO, FRANCISCO CÂMPERA, PAULO SILVA PINTO e XICO SÁ)

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