São Paulo, sexta-feira, 10 de janeiro de 1997
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Brasileiro vai compor ópera nos EUA

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

O pianista e compositor brasileiro José Carlos Amaral Vieira, 44, recebeu da Ópera de San Francisco a encomenda de um espetáculo lírico que deverá estrear em 1999.
O libreto está sendo escrito pelo poeta e dramaturgo japonês Daisaku Ikeda, que em julho próximo submeterá seu texto a libretistas norte-americanos, para tradução e adaptações necessárias.
O compositor diz não haver ainda um título definitivo para o trabalho, que não trará como eixo narrativo -uma raridade em óperas- o relacionamento amoroso entre um homem e uma mulher.
"O enredo se passa no século 21, mas sem nenhuma dimensão de ficção científica. Trata-se de um texto reflexivo, voltado para o espírito fraternal de uma sociedade que cultiva valores como o amor universal", diz ele.
A prazo bem mais curto, Amaral Vieira está sintonizado com sua agenda de concertos -ele fez 118, no ano passado, no Japão- e com os últimos lançamentos, no Brasil, de suas composições em CD.
As quatro gravações, pelo selo Paulus, trazem obras sacras como um "Te Deum" e um "Stabat Mater", uma "Fantasia Coral" e uma peça para banda sinfônica e solistas de teclado, a "Tecladofonia".
As três primeiras foram gravadas com a Orquestra Filarmônica Eslovaca e o Coro de Bratislava, e a última, com a Banda Sinfônica do Estado de São Paulo.
Com sua carreira de concertista iniciada como especialista em Franz Liszt, ele já é, como compositor, o proprietário de de um dos currículos mais profícuos entre seus contemporâneos.
Revela ter ultrapassado as 600 partituras, com uma predominância numérica de obras sacras, seguidas de peças sinfônicas e de composições para formações camerísticas singulares, como trios para piano com fagote e oboé.
Organizou no ano passado, no Japão, sete concertos exclusivamente com obras sinfônicas suas, sob a interpretação da Filarmônica da Cidade de Tóquio.
Ex-aluno de composição de Olivier Messiaen, ele não rejeita a etiqueta de compositor neoclássico, capaz esporadicamente de enveredar pelo atonalismo ou outras formas da música do século 20.
Sua "Tecladofonia", por exemplo, toma como base estruturas harmônicas tradicionais, em cima das quais ele aplica solos de piano, cravo, e até piano de brinquedo.
"É importante que os compositores voltem a levar em consideração o sentimento de suas platéias", diz ele. Acredita haver uma rejeição do experimentalismo excessivo, e a consciência de que autores como Britten e Chostakovitch (que não enveredaram pelo atonalismo) também são exemplares na produção deste século.

Discos: "Te Deum", "Stabat Mater", "Fantasia Coral" e "Tecladofonia"
De: José Carlos Amaral Vieira
Lançamento: Paulus
Quanto: R$ 17, em média

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