São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 1997
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EUA contestam incentivos ao Nordeste

DENISE CHRISPIM MARIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os incentivos concedidos às montadoras que se instalarem nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste e as alterações realizadas no regime automotivo no último semestre provocam novos enfrentamentos entre Brasil e Estados Unidos na OMC (Organização Mundial do Comércio).
Ontem, a representação comercial do governo norte-americano (USTR) concluiu sua investigação sobre o regime automotivo e enviou à OMC pedido de consultas formais ao Brasil.
Segundo o ministro José Alfredo Graça Lima, diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, o Brasil deverá responder favoravelmente ao pedido de consultas até o próximo dia 20 -prazo máximo.
As consultas devem começar a partir de 9 fevereiro e terminar em 10 de março -quando os norte-americanos poderão recorrer ao Mecanismo de Solução de Controvérsias da OMC com um pedido de panel (comitê de arbitragem para decidir o assunto).
A MP (medida provisória) que beneficia as montadoras instaladas no Nordeste, Norte e Centro-Oeste deverá ser o ponto de maior disputa entre Brasil e Estados Unidos.
O texto será apresentado nos próximos oito dias à OMC. Mas vai qualificado como incentivo para regiões desfavorecidas e endereçado ao Comitê de Subsídios e Medidas Compensatórias. Deve ser avaliado apenas em abril.
A Folha apurou que esse procedimento poderá munir os negociadores brasileiros de argumentos para evitar a discussão da MP como um regime especial, driblando assim o questionamento dos EUA.
Os norte-americanos também alegam que o regime de cotas tarifárias -que facilitou a entrada de carros produzidos por montadoras do Japão, Coréia do Sul e União Européia não instaladas no Brasil- é discriminatório.
Mas as três grandes montadoras norte-americanas (Ford, General Motors e Chrysler), já instaladas no Brasil, assinaram a adesão ao regime automotivo e usufruem de incentivos maiores que as cotas.
"Portanto, não há discriminação", afirmou Graça Lima. "O regime é sustentável. Não acreditamos que outros países estejam sendo prejudicados e não entendo porque os Estados Unidos querem as consultas", completou.
O primeiro enfrentamento entre EUA e Brasil sobre o regime automotivo ocorreu em agosto do ano passado, antes da adoção das cotas tarifárias. Japão, União Européia e Coréia do Sul também fizeram questionamentos.
Em outubro, houve ainda consultas informais sobre a possível extensão da cota tarifária para fabricantes norte-americanos de caminhões. As negociações não foram concluídas.

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