São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 1997 |
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Livro ensina a lapidar a criatividade
SUZANA BARELLI
Isso significa que dezenas de soluções (inclusive as suas idéias) aparecem e desaparecem dentro da hierarquia de uma grande empresa. Se o diagnóstico assusta, saiba que foi traçado por dois especialistas sobre criatividade nos negócios: Michael Ray e Rochelle Myers. Juntos, os dois montaram, no final da década de 70, um curso para lapidar a criatividade individual dos empresários -ou pelo menos dos alunos de mestrado em administração em Stanford, que cursaram a disciplina, mais tarde transformada em livro. O ponto de partida de Ray e Myers é a possibilidade de resgatar, em cada pessoa, a criatividade útil para os negócios, muitas vezes escondida por medo ou pelo que chamam de autojulgamento negativo e pelo tagarelar da mente. As pessoas têm muitas idéias todos os dias que nem chegam a tomar forma, porque seu julgamento as destrói e as afasta rápida e automaticamente, afirmam os dois autores. Para Ray e Muers, pouco interessam os processos psicológicos ou cognitivos subjacentes a um ato criativo. O que vale é a fonte criativa (chamada no livro de essência) de cada um. Para mostrar essa "essência" criativa, os especialistas narram vários depoimentos de executivos de sucesso que encontraram soluções -criativas, é óbvio- para seus problemas. Os primeiros exemplos são de soluções que apareceram em sonhos, devaneios musicais ou mudanças de profissão. Um deles: a equipe de Bill Camplisson, então diretor de planejamento de marketing da Ford-Europa, não conseguia encontrar uma fórmula que permitisse ajustar automaticamente os assentos de um carro esportivo ao corpo do motorista. Com esse dilema na cabeça, o diretor sonhou com uma bola amassada por um amiguinho de infância. Da mesma forma que seu pai, no sonho, desamassou a bola, ele criou a aderência do banco que foi implementada nos modelos esportivos da montadora. Após convencer o leitor de que ele também tem a sua "essência", o livro passa a ensinar formas de exercitar a criatividade, mostrando que é preciso se desligar de questões menos importantes, que muitas vezes atrapalham o processo criativo. Na verdade, tratam-se de técnicas de disciplina mental, relaxamento e concentração. Entre as "ginásticas", algumas até com influências orientais, estão a velha tática de fazer uma pergunta tola para conseguir uma resposta inteligente, o desenho de uma mandala (diagrama formado por círculos e quadrados concêntricos que usado como técnica para a meditação) e conselhos para desenvolver e confiar em sua própria intuição. Até o cientista Albert Einstein é citado no livro. "Por que tenho minhas melhores idéias de manhã, enquanto estou me barbeando?" perguntou-se o criador da teoria da relatividade. A frase é usada pelos autores para mostrar que há momentos mais propensos à criatividade em cada atividade do executivo. O livro, admitem os autores no final, não deve ser usado como um tratado de regras que pode torná-lo mais criativo, mas sim como um trampolim. O conselho para os leitores é ir sempre em busca da experiência da criatividade porque, cada vez que a experimentar, aumenta a chance que ela aconteça novamente. Pode valer a pena tentar. Texto Anterior: Número de postos multados é menor Próximo Texto: Guias do IPVA poderão ser retiradas hoje Índice |
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