São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 1997
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Fujimori anuncia volta de negociações

IGOR GIELOW
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

O presidente do Peru, Alberto Fujimori, anunciou ontem que o governo voltou a negociar com os rebeldes do MRTA (Movimento Revolucionário Tupac Amaru) que ocupam a residência do embaixador do Japão em Lima há 25 dias.
O anúncio foi feito no dia em que eram completadas duas semanas sem diálogo entre guerrilheiros e governo.
O MRTA mantém 74 reféns na casa ocupada, entre eles embaixadores, ministros e parte da cúpula militar do Peru. Desde 31 de dezembro não há liberação de reféns.
Segundo Fujimori, o negociador do governo Domingo Palermo entrou em contato por rádio com Nestor Cerpa Cartolini -líder do MRTA, que está com cerca de 15 guerrilheiros na casa.
Eles teriam acertado a volta das conversações por meio de mensagens levadas por membros da Cruz Vermelha. Fujimori disse também que não estão descartadas conversas diretas.
Imagem
A ação de Fujimori pode ser vista como reação às críticas de falta de comunicação do governo durante a crise, tanto com os rebeldes como com a imprensa.
Há uma preocupação com a imagem externa do Peru, uma vez que há cerca de 300 jornalistas estrangeiros em Lima. Nesta semana, uma missão de empresários japoneses cancelou visita que faria ao país por conta da crise.
Essa reação havia começado na noite de anteontem, quando o governo confirmou estar consultando países interessados em conceder asilo político aos guerrilheiros (leia texto abaixo).
Tiros
Os rebeldes do MRTA deram tiros de advertência durante a madrugada na casa do embaixador do Japão, Morihisa Aoki, no segundo incidente do tipo na semana.
Por volta das 3h, dois policiais peruanos se aproximaram da casa ocupada. Dois rebeldes saíram do cativeiro e deram três tiros para o ar. Minutos depois, mais dois tiros de fuzil foram ouvidos.
O incidente não deixou nenhum ferido. Na última segunda-feira ocorrera evento semelhante, mas a origem dos tiros era apenas especulada. Dessa vez, os policiais testemunharam os disparos.
Houve nervosismo entre os cerca de 150 policiais e militares que cercavam a casa no momento.
Diversos atiradores de elite tomaram posição, mas logo se desmobilizaram.
Segundo militares que estavam no local à noite, não houve nenhuma orientação de superiores visando aproximação da casa.
Os tiros não mudaram a rotina na casa ocupada. Membros da Cruz Vermelha entraram e saíram com mantimentos e roupas para os reféns.

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