São Paulo, domingo, 12 de janeiro de 1997
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Farofeiro chique tira o lixo da praia

Comer não é gafe

DA REPORTAGEM LOCAL

O verão virou o ano sob o signo da farofa: prefeituras do litoral paulista tentam dificultar o acesso do turismo popular a suas praias; medidas judiciais reagem para manter suas praias fora do alcance dos farofeiros.
Nessa modalidade veranil de luta de classes, preconceito e direitos legítimos confundem-se sob um sol que, segundo o dito, deveria ter nascido para todos.
Mas quem é que nunca "farofou" à beira-mar? Os farofeiros hoje estão em todas as classes sociais -a diferença está no tipo de farofa que carregam.
Outra diferença fundamental é que os farofeiros modernos, politicamente corretos, levam seu lixo embora para encontrar a praia OK no dia seguinte.
Os tradicionais ficaram conhecidos por chegar à praia acompanhados da dupla mais tradicional da lambança no litoral: o frango com farofa. Só que deixavam os restos do domingão na areia.
O problema do lixo nas praias não tem uma, mas várias origens. "Não se deve culpar só os turistas de um dia. Falta disciplina de todos, independentemente do nível social", diz Josef Kurc, presidente da Federação Pró-Costa Atlântica, que agrupa todas as sociedades de amigos de bairro do litoral do Estado.
Neofarofeiros
Hoje, o conceito de "farofice" mudou. "O farofeiro moderno é a 'perua' que não dispensa o salto alto e o chapelão, come na praia e tem preguiça de levantar para jogar o lixo fora", explica a socialite carioca Regina marconde Ferraz.
"Não há problemas em levar comida para a praia, desde que o lixo seja jogado no lugar certo", diz Glória Kalil, empresária e autora do livro "Chic - Um Guia Básico de Moda e Estilo", com capítulo exclusivo sobre o assunto.
Segundo ela, a praia é um local democrático, onde não se deve ter muitas preocupações com etiqueta. "As pessoas têm de se sentir à vontade. Mas todo comportamento invasivo e excessivo é desagradável", diz.
Levar cachorro para a praia, ouvir música no máximo volume e levar muita bagagem, segundo Glória, são comportamentos desagradáveis.
Para Cláudia Matarazzo, jornalista e autora dos livros "Etiqueta sem Frescura" e "Gafe não é Pecado", o farofeiro politicamente incorreto está em todas as classes sociais.
Ele cita a turma que carrega o telefone celular para bater papo com os amigos e as garotas que depois de um mergulham, saem da água ajeitando os fundilhos do biquíni.
"Também incluo nessa categoria as mulheres que se enfeitam com maquiagem, chapelão e jóias para tomar sol na praia."

Produção: Suzana Camará Cabelo e Maquiagem: Daniel Hernandez/Agência Angels Modelo: Silene Zepter/Ford Models Agradecimentos: Serpui Marie, Suxxar, G, Sporting

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