São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997 |
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Governistas calculam ter no máximo 298 deputados
FERNANDO RODRIGUES; VALDO CRUZ; CLÓVIS ROSSI
A afirmação combina à perfeição com números reservados do governo que indicam que o presidente Fernando Henrique Cardoso tem hoje no máximo 298 votos certos a favor da reeleição, 10 a menos do que os 308 necessários para aprovar a emenda no plenário da Câmara. Esse levantamento seria apresentado ainda ontem ao presidente, com a seguinte conclusão: o risco de uma derrota no plenário da Câmara é muito grande, e a ordem é atrair mais votos de indecisos. O líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (DF), tem a mesma avaliação de Benito Gama: "Com o PMDB tão estraçalhado, o governo não tem os votos necessários para aprovar a emenda". Nas últimas semanas, o governo vinha divulgando que dispunha de 330 votos a favor da reeleição. O número não passava de um blefe. A estratégia governista era divulgar esse número para dar a idéia de que a emenda estava aprovada. Isso faria, na avaliação dos aliados de FHC, com que muitos indecisos pulassem para o barco tucano. No final da semana passada, os números mais realistas do governo indicavam que FHC não tinha mais do que 316 votos a favor da reeleição entre os deputados. Isso levando em conta o voto de alguns parlamentares indecisos que já haviam sinalizado que mudariam de opinião. Só que a crise do PMDB e a ofensiva malufista fizeram com que o quadro mudasse. Numa checagem dos votos no início da semana, uma ala do governo descobriu que contava no máximo com 296 votos. Como o PFL diz ter conseguido virar dois votos de contra para a favor de FHC, o número pulou para 298. Essa contabilidade leva em conta votos do PMDB, partido que no último domingo aprovou em sua convenção uma recomendação contra a emenda da reeleição. O levantamento aponta que o governo tem cerca de 70 dos 97 votos dos deputados peemedebistas. Benito calcula que de 27 a 30 deputados do PMDB seguirão a orientação da convenção e não votarão a reeleição antes da eleição dos presidentes da Câmara e do Senado. "Essas defecções inviabilizam, agora, a aprovação", diz Benito Gama. A dúvida é se o governo pode contar com esses votos caso os senadores do PMDB continuem em conflito com o Planalto. Até que a crise do PMDB seja resolvida, a ordem é votar a reeleição só na comissão especial. Os governistas trabalham com dois placares favoráveis: 19 a 11 ou 17 a 13. Nesse último caso, o governo conta com duas possíveis defecções no PMDB: os deputados João Natal (GO) e José Aldemir (PB) acabariam seguindo os senadores Iris Rezende (GO) e Ronaldo Cunha Lima (PB) e votando contra. Colaborou Clóvis Rossi, do Conselho Editorial Texto Anterior: Para líderes, governo não tem votos para reeleição Próximo Texto: Time do deixa disso; Esvaziando a tensão; Meia-sola Índice |
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