São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
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Pressa faz obra custar R$ 74 mi a mais

WILSON TOSTA
DA SUCURSAL DO RIO

Maior obra da gestão Cesar Maia (PFL) na Prefeitura do Rio (1993-1996), a Linha Amarela -via entre Barra da Tijuca (zona sul) e ilha do Fundão (zona norte), que custou mais de R$ 280 milhões- está sendo feita a partir de projeto básico pouco detalhado e muito alterado na execução, o que pode mudar seu preço.
A constatação é da comissão do Clube de Engenharia que, desde dezembro, a pedido da própria prefeitura, analisa a obra, semi-paralisada, após o segundo turno das eleições de 1996, da empreiteira OAS, que, alegando custos adicionais, exige reajuste.
Licitada por R$ 210 milhões em maio de 1994, a obra já está custando R$ 284 milhões.
"O prefeito Cesar Maia disse que ou fazíamos a obra em seu governo ou nem a começaríamos" disse à Folha a secretária de Obras, Angela Fonti. "Foi um prazo político."
A Folha procurou, por telefone, o ex-prefeito, que está em Nova York, em férias. Ele não retornou a ligação. A OAS também não respondeu aos telefonemas.
A Linha Amarela foi estrela da campanha do PFL à Prefeitura do Rio. O então candidato, Luiz Paulo Conde, apareceu em comerciais na TV, em visitas à obra.
A via seria inaugurada em novembro de 1996. Agora, espera-se que a Linha Amarela seja totalmente aberta em junho -sete meses depois. No fim de 96, um trecho de 2 km, entre Bonsucesso (zona norte) e Fundão, foi aberto -sem sinalização nem passarelas.
A comissão também constatou que o projeto executivo (com o detalhamento mais profundo da obra) foi sendo feito ao longo da construção, com base em medições feitas após a licitação. Isso causou, de acordo com a comissão, mudanças na execução maiores que as aceitáveis.
Segundo a lei 8.666/93, a licitação é feita a partir do projeto básico, que deve conter as características fundamentais da obra. Mas, segundo a comissão, foi licitado projeto muito vago, permitindo mudanças que levaram a obra "real" a ser muito diferente.
O Clube de Engenharia entregará seu relatório ao prefeito Luiz Paulo Conde na próxima segunda-feira. Uma das alterações na via detectadas pelo grupo de trabalho do Clube de Engenharia ocorreu no túnel Engenheiro Raymundo de Paula Soares, na serra dos Pretos Forros, entre Água Santa (zona norte) e Jacarepaguá (zona oeste).
Segundo o projeto licitado, a escavação deveria ter sido feita em uma só perfuração, com pistas em dois andares, uma para cada mão de tráfego. Mas a construção foi executada em duas galerias paralelas.
O motivo da mudança é uma lei que impede que haja construções em altura superior a cem metros do nível do mar. Com a abertura dos dois túneis, foi preciso fazer uma obra de contenção de encosta: um paredão com 40 metros de altura, também não previsto inicialmente.

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