São Paulo, quarta-feira, 15 de janeiro de 1997
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Israel aceita acordo para deixar Hebron

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Israelenses e palestinos firmaram na madrugada de hoje um acordo que entrega a cidade de Hebron à administração árabe. O documento foi assinado pelos negociadores Dan Shomron (Israel) e Saeb Erekat (Autoridade Nacional Palestina), durante uma reunião entre o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu e o líder da OLP, Iasser Arafat.
O acordo deve ser implementado em dez dias e marca o fim de uma pendência que se arrasta entre palestinos e israelenses desde o governo trabalhista, antecessor de Netanyahu. Hebron é a última cidade importante da Cisjordânia ainda sob administração israelense.
Ela é a única, também, em que colonos israelenses -cerca de 500- vivem no perímetro urbano, em meio a 130 mil árabes. Pelo texto acertado entre os negociadores, Israel vai entregar aos palestinos 80% da cidade. As negociações duraram quatro meses.
Quando a reunião entre Arafat e Netanyahu começou, por volta de 0h30 (20h30 em Brasília), no posto fronteiriço de Erez (entre Israel e a faixa de Gaza, um dos territórios palestinos), já era praticamente certo que o acordo sairia -ele foi divulgado cerca de duas horas depois.
Durante o dia, ambas as partes, reunidas em Jerusalém, haviam dado as negociações por encerradas, deixando apenas pequenos detalhes para a reunião de madrugada.
O último dia de negociações, em um hotel de Jerusalém, foi marcado por sobressaltos. Assim como ocorrera na véspera, houve uma ameaça de bomba, que também não foi confirmada e incomodou apenas a rotina dos hóspedes, sem interromper as negociações, que tem mediação de funcionários dos EUA.
Após o acordo, Netanyahu e Arafat falaram por telefone com o presidente Bill Clinton. Uma cerimônia de assinatura formal, com representantes árabes, europeus e americanos, pode acontecer na sexta-feira. Para valer, o texto ainda deve ser submetido ao Conselho de Ministros de Israel (que não deve barrá-lo).
Os dirigentes de 150 assentamentos judaicos fizeram uma reunião de emergência ontem e estudavam apresentar sua renúncia coletiva em protesto contra o acordo.
Além de perderem o controle sobre os territórios, os colonos se sentem traídos pelo direitista Netanyahu, a quem acusam de "entregar o coração da terra de Israel a Arafat e seus terroristas". Hebron tem profundo significado religioso para judeus e muçulmanos, por abrigar a Tumba dos Patriarcas.
Vinhas da Ira
O Unicef, órgão da ONU para a infância, divulgou ontem relatório sobre o impacto da ação israelense contra as guerrilhas islâmicas no sul do Líbano, ano passado.
Segundo o estudo, a Operação Vinhas da Ira deixou 39,8% dos adolescentes da região com problemas psicológicos -ansiedade, angústia, depressão, medo, isolamento e comportamento agressivo são alguns dos sintomas.

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