São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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Plebiscito decente

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Seguir a cobertura do plebiscito é enojar-se com o jogo de conveniências que mudam com as horas. Governistas antes contrários abriram o dia favoráveis, logo mudaram outra vez e à tarde noticiou-se que a tese havia sido derrotada na comissão.
Oposicionistas que antes defendiam e depois mudaram, com os percalços governistas, ontem mudaram de volta. Na Bandeirantes, dizia Paulo Maluf, desatento a qualquer coerência pública, no convívio com a publicidade:
- No mínimo, o plebiscito é decente...
Mas os governistas, com Franco Montoro, já voltavam então a apoiar o plebiscito, o que talvez mude tudo outra vez, agora de manhã.
*
Foi noticiarem o massacre para os protagonistas aparecerem, escaldados pelos massacres anteriores.
O governador surgiu às pressas na CBN, com a versão contra a responsabilização estadual e com referências indiretas à federal.
Também o fazendeiro, descrito como "não encontrado" pela Globo, surgiu em poucas horas com sua versão, na Globo. Ele e o primo deputado, dizendo que os mortos estariam armados etc.
Também o prefeito logo deu as caras para dizer que a região é "barril de pólvora", que havia avisado etc.
No amontoado de versões, faltaram os sem-terra, desentendidos dos caminhos da comunicação. Mas eles tinham os corpos. Do JN:
- ... todos mortos com tiros nas costas e cabeça. De uma vítima foram tirados 17 projéteis. De outra, 15.
*
A campanha da reeleição no rádio não traz a "mão certa" de FHC, mas não esquece o personalismo:
- Sabe do que tenho medo? É que, sem reeleição, a gente corra o risco de mudarem as regras do Real...
Os governistas nem cuidam mais das aparências.

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