São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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'Troca-troca' garante divisão do Carandiru

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Prefeitos de cidades do interior de São Paulo escolhidas para abrigar presídios que irão substituir a Casa de Detenção do Carandiru estão exigindo obras do Estado como forma de compensação.
Eles contam com a ajuda do secretário da Administração Penitenciária, João Benedicto de Azevedo Marques, para construção, entre outras obras, de escolas, quartéis, estradas e hospitais.
A secretaria definiu o local de construção de oito dos nove presídios que substituirão a Detenção, que deve ser desativada até julho de 1998. Dois deles, com capacidade para 700 pessoas cada, serão erguidos em Franco da Rocha (40 km a norte de São Paulo).
As licitações para as obras já foram concluídas. Elas devem ter início em fevereiro. Insatisfeito com a escolha da cidade, o prefeito José Benedito Hernandes (PTB) faz uma série de exigências.
"Estamos negociando com o governo do Estado 2.000 casas populares, a implantação de um pólo industrial e a construção de uma estrada ligando a cidade à via Anhanguera", revelou o prefeito.
Ele também quer que a estação de trem da cidade, fechada desde outubro, reabra imediatamente.
Hernandes acha a exigência justa, pois a cidade já abriga uma penitenciária, um manicômio judiciário, uma unidade da Febem, uma clínica pública de recuperação de drogados e o hospital do Juqueri. "Só queremos que o Estado seja justo e nos dê benefícios."
Reunião
A secretaria irá construir outros seis presídios com 700 vagas. O local de construção de um deles ainda está indefinido.
Os outros serão em Presidente Venceslau (635 km a oeste), Iperó (125 km a oeste), Itirapina (217 km a noroeste), Casa Branca (265 km a norte) e Avaré (268 km a oeste).
Ontem, os prefeitos de Casa Branca e Avaré se reuniram com Azevedo Marques pedindo a intermediação para a construção de escolas, hospitais e casas populares.
O prefeito de Presidente Venceslau, José Catarino (PDT), teve uma audiência com o secretário e conseguiu a promessa de construção da sede do quartel dos bombeiros e do batalhão da Polícia Militar.
"Já temos uma prisão que traz problemas de Aids, tráfico de drogas e insegurança. É lógico que precisamos de uma compensação para essa nova obra", declarou.
O outro presídio, com 1.200 vagas, será erguido em Guarulhos (20 km a norte de SP), mas o prefeito Néfi Tales (PDT) afirmou ainda não ter sido comunicado oficialmente.
Quando for procurado, ele vai tentar conseguir verbas para a construção de galerias pluviais sob a via Dutra, que resolveriam o problema de enchentes na cidade.

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