São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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Profissão: surfista

CARLOS SARLI

Por meio de um fax, o campeão brasileiro profissional de surfe se desligou do seu patrocinador dos últimos cinco anos. PT saudações, como me disse um funcionário da Sea Club.
As razões do desligamento de Joca Jr. da marca de surfwear da Alpargatas devem se resumir em uma: grana. A forma com que se procedeu, só as partes devem entender.
Há poucas semanas, estive com o pessoal da Sea Club, e conversamos sobre a importância da manutenção dos dois principais atletas da equipe.
Argumentei que Guilherme Herdy, mais adaptado em seu terceiro ano no Tour, e mais experiente em ondas grandes, poderia obter melhores resultados no Mundial.
Ele ainda não renovou seu contrato, mas agora a negociação tende a ficar facilitada.
Quem passará a usar a imagem de dois surfistas de ponta é a confecção cearense Maresia, que comprou o passe de Joca para fazer dupla com o vice-campeão brasileiro, Fábio Silva, despolarizando os patrocínios do eixo Rio-São Paulo.
De origem humilde, Fabinho se destacou em 96, e por muito pouco não chegou à elite dos 44 surfistas que disputam o Mundial. Ficou na 45ª colocação.
Nascido e crescido na favela do Titanzinho, em Fortaleza, Fabinho está tendo uma chance que dificilmente teria em outras profissões.
E tudo começou de brincadeira, com um pedaço de madeira que simulava uma prancha.
Os principais surfistas brasileiros recebem salários em torno de R$ 10 mil. Somados os prêmios, o ganho anual pode chegar aos US$ 200 mil.
Em que pese a vida útil curta, que exemplos como o de Tinguinha Lima, 32, 20 de carreira, desmentem, é uma receita bastante razoável.
Principalmente se levarmos em consideração que muita gente, sem receber um centavo, passa oito horas no mar num dia de boas ondas.

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