São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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'Revista USP' revela interesse da universidade pela magia

Número tem 14 textos de especialistas em diferentes áreas

FERNANDO DE BARROS E SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

A magia é o grande tema do 31º número da "Revista USP", que chega às livrarias e principais bancas de jornal do país esta semana.
Para quem se interessa pelo assunto -e parece que o número de curiosos pelo tema é cada vez maior- a revista é um prato cheio. O "Dossiê Magia" reúne 14 textos. Trata-se, segundo o editor da revista, Francisco Costa, "do primeiro empenho de estudo do assunto por meio de uma abordagem universitária". O resultado, segundo ele, "foi um caldeirão que ameaça desmanchar a linha divisória entre erudito e popular".
Há, de fato, um pouco de tudo. O antropólogo baiano Luiz Mott, por exemplo, escreve sobre os "Restos Mortais na Feitiçaria Afro-luso-brasileira".
O sociólogo Ricardo Mariano, da USP, que há anos dedica-se ao estudo da Igreja Universal do Reino de Deus, volta ao assunto. Desta vez para mostrar que, a despeito das remissões constantes que faz a práticas da magia, a igreja fundada por Edir Macedo não colabora para um suposto "reencantamento do mundo", mas antes contribui para aguçar o consumismo.
A historiadora Laura de Mello e Souza, da USP, trata da magia curativa no mundo luso-brasileiro do século 18, quando a racionalidade científica já havia tomado conta do domínio curativo na Europa e a medicina já era ensinada nas universidades.
Mas o texto mais típico do boom místico que vivemos hoje é do antropólogo José Guilherme Magnani, da USP. Chama-se "O Neo-esoterismo na Cidade" e pretende "mapear" as diversas práticas chamadas esotéricas, dos sistemas divinatórios ao I-Ching, das técnicas de auto-ajuda às terapias de inspiração oriental.
Magnani diz que "de alternativas, essas práticas passam cada vez mais a disputar e ocupar um espaço visível e legítimo, organizando-se, para tanto, em moldes empresariais, procurando alianças com outras instituições já estabelecidas".
Aquilo que era "comportamento excêntrico", diz Magnani, aos poucos se transforma em "estilo de vida". O autor chega a sustentar que está surgindo, para além dos modismos, um tipo de adepto do esoterismo com padrões regulares de consumo que é "sofisticado e esclarecido".
O preço do exemplar é R$ 16 e a assinatura anual, de quatro números, custa R$ 40. Os telefones da revista são 818-4412 e 818-3935.

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