São Paulo, quinta-feira, 16 de janeiro de 1997
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Cisjordânia promete nova 'guerra'

ROBERT MAHONEY
DA "REUTER", EM JERUSALÉM

Dispersada a fumaça da batalha de Hebron, negociadores palestinos e israelenses se preparam para uma "guerra" muito mais sangrenta: o restante da Cisjordânia.
O palestino Iasser Arafat ficou com 80% de Hebron e acha que vai controlar uma proporção ainda maior do territórios ocupados pelos israelenses desde 1967.
Mas os acordos que ele assinou com os trabalhistas (que antecedeu o de Binyamin "Bibi" Netanyahu) não dizem a que ponto deve chegar a desocupação israelense.
A briga ainda não está perdida para Netanyahu, que tenta manter intatos seu país e sua coalizão com a direita religiosa.
"Não é verdade que a chamada retirada de tropas (previstas) nos acordos nos levarão de volta às fronteiras de 1967, ou 80% ou 90% delas", disse o premiê a rabinos americanos esta semana.
"Nosso propósito é ficar, não sair", afirmou ele, sinalizando que os palestinos vão enfrentar duras barganhas se quiserem governar mais que as principais cidades e vilarejos da Cisjordânia.
A atmosfera de confiança que existia entre a OLP e o governo israelense deixou de existir depois da chegada ao poder do Likud de Netanyahu, em maio passado.
Nos acordos de paz não há número ou metas. Mas os palestinos dizem que, pelos contatos com os israelenses, o controle de 90% da Cisjordânia era tido como certo.
Analistas israelenses acreditam que Arafat vá ter controle apenas sobre 50% da Cisjordânia, com Israel mantendo soberania sobre 140 colônias judaicas, postos militares e fronteiras. O número é similar ao da divisão da faixa de Gaza.
Para eles, as duas primeiras etapas da retirada serão decididas somente por Israel e serão pequenas. A terceira dependeria de negociações já sobre o status final que terão os territórios administrados pelos palestinos.
Os palestinos discordam.
"O acordo é claro: a saída da Cisjordânia deve ser paralela às conversações sobre o status final, o que significa que a maior parte das terras estará sob nosso controle antes que essas negociações acabem", diz Ahmed Korei, uma alta autoridade da OLP.
Uma frase que bem define o que está por vir no Oriente Médio é do analista Mark Heller, do Centro Jaffee para Estudos Estratégicos: "Parece que há potenciais bombas-relógio nos acordos de Oslo, que foram negligenciadas".

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