São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Caso Daniella pode ter dois julgamentos

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Acusados pela morte da atriz Daniella Perez, os réus Guilherme de Pádua Thomaz e Paula Nogueira de Almeida Thomaz poderão ser julgados em datas diferentes.
O julgamento de Pádua, 27, e de sua ex-mulher Paula, 23, está marcado para a próxima quarta-feira, mas o advogado de Pádua está disposto a provocar novo adiamento.
Para que o juiz José Geraldo Antônio, titular do 2º Tribunal do Júri, determine a separação dos julgamentos basta haver, entre as defesas, divergências acerca de um dos jurados.
A divergência fica caracterizada quando uma defesa recusa e a outra aceita o jurado.
Em casos assim, o juiz determina o desmembramento, cabendo à promotoria o direito de escolher qual réu será julgado primeiro.
Se isso ocorrer, os promotores José Muinõz Piñeiro Filho e Maurício Assayag escolherão Pádua.
A escolha é estratégica. Ele é réu confesso. Apesar de mudar sua versão inicial ao longo dos anos, passando a acusar Paula, o que consta no processo é a confissão formal dele.
Os promotores acreditam que podem conseguir uma pena pesada contra Pádua. No caso de Paula, a situação se complica. Ela jamais confessou envolvimento no crime.
Contra Paula existem no processo dois fatos incriminadores: o reconhecimento pelo comerciante Hugo da Silveira, que diz tê-la visto no local onde Daniella foi morta, e uma suposta confissão a policiais. Paula sempre negou ter feito essa confissão.
O advogado de Paula, Carlos Eduardo Machado, é favorável ao desmembramento.
Sentindo a posição desfavorável de seu cliente, o advogado de Pádua, Paulo Ramalho, ameaça não comparecer ao julgamento, o que provocaria o adiamento.
"Sou bastante homem para não aparecer. Mando por escrito que não vou participar de uma farsa, de uma irresponsabilidade."
Entre os motivos que poderá alegar, estão a anexação, por parte da promotoria, de novos documentos aos autos.
Ramalho quer tempo para obter laudo que conteste aquele apresentado pelos promotores sustentando a tese de que o carro de Pádua foi limpo com querosene para eliminar manchas de sangue, na noite do crime.
O advogado de Pádua ataca também a campanha contra os réus, desenvolvida por ONGs (organizações não-governamentais) e pela mãe de Daniella, a novelista Glória Perez.
Para o advogado Arthur Lavigne -assistente de acusação contratado por Glória Perez-, o desmembramento é bem provável.
"A expectativa é que seja desmembrado. As teses de defesa são conflitantes", afirmou Lavigne.

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