São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Sesc revive as tardes de jovem guarda

ANA CRISTINA PESSINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O clima das tardes de domingo da década de 60, animadas pelo programa "Jovem Guarda", estará de volta hoje, à partir das 19h, no Sesc Pompéia.
Alguns dos mais importantes nomes da época em que "o bom" era ser "tremendão" -Jerry Adriani, Golden Boys, Wanderléa e Erasmo Carlos- farão o espetáculo "Jovens Tardes de Domingo" dentro do projeto do Sesc Aberto para Balanço.
Ainda no embalo do "revival" inspirado pela comemoração dos 30 anos do movimento no ano passado, que rendeu uma série de shows e registros de estúdio e ao vivo de seus melhores momentos, o grupo volta para mostrar sua contribuição na história da MPB.
Mesmo sem reunir todos os participantes dos projetos anteriores sem contar com a presença do "rei" Roberto Carlos, o projeto do Sesc terá uma contribuição inédita, Erasmo Carlos, que não participou de shows do ano passado.
Depois de se apresentar durante três semanas no teatro Rival, no Rio de Janeiro, fazendo o lançamento de seu 35º, "É Preciso Saber Viver", Erasmo vem a São Paulo mostrar apenas os sucessos de sua fase "tremendão".
Entre eles estão "Fama de Mau", "Festa de Arromba", "Lobo Mau" e "Calhambeque".
"A única música que talvez eu cante de meu último disco é 'Detalhes', que é minha e do Roberto, mas ainda não sei, depende do clima e do tempo", diz ele referindo-se aos 40 minutos estipulados para a duração de cada espetáculo.
Brincando de "tenurinha"
"Quero brincar com o visual. Acho que vou aparecer de cabelo liso, como eu usava na época", diz Wanderléa, que não esconde debaixo das minissaias as belas pernas da menina meiga, que lhe rendeu o apelido de "ternurinha".
Assim como Erasmo, Wanderléa não deixará de cantar o que ela chama de "hits mais óbvios" do seu repertório.
Eles serão apresentados, no entanto, em forma de pout-pourri com os Golden Boys, outra atração da noite.
"Eles participaram da gravação de vários discos meus e, por isso, fica mais fácil tocar junto", explica ela.
A parte principal do show ficará com os "rockinhos", que, segundo ela, influenciaram os movimentos posteriores à jovem guarda, como a tropicália.
"As pessoas achavam que a guitarra elétrica não devia ser inserida na MPB."
Jerry Adriani levou a sério a incumbência de contar uma história. Entusiasmado por ser o primeiro a subir no palco, Jerry começa com Elvis Presley e The Beatles.
Passa pela música italiana, que marcou seu início de carreira, até chegar em "Broto Legal".
"Mostrar as raízes é importante, já que uma coisa não teria acontecido sem a outra", justifica ele.
A ponto de completar 50 anos no próximo dia 29, Jerry Adriani pretende lançar um livro, que ele mesmo está escrevendo, sobre sua vida, contando também episódios da história da jovem guarda.
Quanto a uma possível reunião no final, Erasmo Carlos faz suspense.
"Não adiante bolar nada antes. Nosso trabalho sempre foi muito espontâneo. Vamos ver se acontece."

Show: Jerry Adriani, Golden Boys, Wanderléa e Erasmo Carlos
Quando: hoje, às 19h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 871-7751)
Quanto: de R$ 12,50 a R$ 25

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