São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Carnaval Exportação

ALEXANDRE LOURES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Originado em festas para deuses mitológicos, o Carnaval encontrou seu Olimpo no Brasil.
Blocos carnavalescos têm migrado de uma cidade para outra dentro do país faturando alto em cima da folia. Os mais ousados chegam até a exportar o produto.
As escolas de samba Mangueira e Salgueiro, do Rio, blocos Olodum e Nana Banana, da Bahia, são exemplos de exportadores de folia.
O Olodum faz, em média, 16 shows por mês no Brasil e uma turnê anual na Europa. Cada show do bloco custa R$ 20 mil no Brasil e R$ 4.000 no exterior.
Outra forma de ganhar dinheiro é a venda de produtos com a grife Olodum. Para isso, foi feita uma parceria com a empresa coreana Takion em troca de 15% do faturamento sobre as vendas.
"Estamos abertos para novas parcerias", diz Eusébio Cardoso, 30, diretor do bloco.
Outro grupo baiano de exportação é o Nana Banana, do grupo Chiclete com Banana.
O grupo é especialista em micareta -Carnaval fora de época. Segundo Joaquim Nery, 33, presidente do bloco em Salvador, eles se apresentam em 17 micaretas em todo Brasil.
"Só em Salvador, o Nana tem um faturamento bruto de cerca de R$ 280 mil por Carnaval."
Uma das micaretas é o Pré-caju, considerado a maior prévia carnavalesca do Brasil.
"O evento deve receber este ano a visita de 50 mil turistas e movimentar cerca de R$ 50 milhões", diz José Pedro Oliveira, 31, presidente da ASTP (Associação Sergipana de Blocos e Trios).
O Pré-caju conta com a presença de 14 blocos, que se apresentam sempre 15 dias antes do Carnaval.
Um dos blocos mais tradicionais é o Papagaio's, que desfila desde 1993, o primeiro ano do evento.
Segundo Djalmyr Brandão, 43, presidente, o Papagaio's tem 2.000 sócios e deve ter um faturamento bruto de R$ 600 mil neste ano.
Samba
Preocupados com a invasão da "axé music" no Carnaval brasileiro, os sambistas cariocas resolveram mostrar sua ginga em outras praças.
A grande novidade do ano é o desfile das escolas de samba Salgueiro e Mangueira no sambódromo de São Paulo a convite de Uesp (União das Escolas de Samba de São Paulo).
Os responsáveis pelo desfile não divulgaram as cifras da transação.
"Foi dito que receberíamos R$ 70 mil pelo desfile em São Paulo, mas a verdade é que não chega nem a R$ 50 mil", afirma Mangano, presidente da Salgueiro.
A idéia de desfilar fora do Rio agradou tanto à Mangueira, que a escola pensa em fundar uma embaixada em cada capital do país.

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