São Paulo, domingo, 19 de janeiro de 1997
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Jacinta encarna protótipo da doméstica moderna em 'Salsa'

MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

As empregadas domésticas saíram da cozinha. Agora, elas conversam com os patrões e têm suas opiniões respeitadas, não se limitando a lavar, passar e preparar refeições.
Pelo menos é o que vem acontecendo na TV. O maior exemplo pode ser visto na pele de Jacinta, a governanta de Bárbara Amarante Paes (Rosamaria Murtinho), da novela "Salsa e Merengue".
Interpretada pela atriz paulistana Zezeh Barbosa, 32, Jacinta pode ser considerada como a empregada número um do país.
"Ela é o braço direito da Bárbara. Sabe todos os segredos e se sente uma pessoa da família", fala Zezeh.
Noêmia Correia dos Reis, diretora do Sindicato das Empregadas Domésticas de São Paulo, elogia o trabalho da atriz.
"Acho que agora as empregadas estão mais à vontade na TV. Gosto muito da forma de agir da Jacinta. Deve ser assim. Elas não podem ter medo dos patrões, não podem ser recalcadas", diz.
Essa identificação Zezeh percebe na sua correspondência. "Recebo muitas cartas de empregadas domésticas. Elas queriam ser como a Jacinta e falar tudo o que ela fala."
Para Maria Edileusa de Lima, 30, na profissão há 12 anos, Jacinta pode ser considerada um exemplo.
"Acho legal como a tratam e a maneira dela trabalhar. Outro dia ela falou 'é de patrões assim que o Brasil precisa' (se referindo à família Amarante Paes), ela tem toda a razão", declara Edileusa.
Segundo a atriz, essa popularidade vem de um bom desempenho. "Elas acreditam piamente. Tenho sido parada nas ruas, é engraçado essa coisa de sair da tela."
Ídolos
Para Zezeh isso é também resultado do sonho de fazer uma novela cômica e trabalhar com Débora Bloch e Diogo Vilela, seus ídolos do tempo da "TV Pirata".
Como a Jacinta idolatra a Teodora, copiando suas maneiras de andar, sentar e falar, a atriz se espelha em Débora Bloch. "É uma realização trabalhar com ela."
Zezeh também lembra o fato das emissoras estarem investindo no negro como ator de talento.
"Não esqueço a dificuldade de ser negra. Negro na TV não vende margarina, nem carro importado. Agora estão reconhecendo mais o talento e dando chances aos negros de fazerem personagens maiores, não só os subalternos."

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