São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 1997
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Juniores são craques de surfe e pagode

SILVIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um cowboy no gol, um surfista no ataque, um rapper na lateral esquerda e um advogado jogando no meio de campo.
Essa poderia ser a escalação de um dos times da Copa São Paulo de Futebol Júnior. A batalha por uma vaga nos times profissionais impõe aos jogadores juniores uma rotina dura, que inclui várias horas de treinamento, ficar meses longe de casa e se virar com o pouco dinheiro que ganham.
Mas, nas horas vagas, esses candidatos a Ronaldinho levam uma vida igual a de qualquer garoto com menos de 20 anos.
Gostam de música, de filmes de ação, de sair à noite para tomar cerveja com os amigos e de assistir aos jogos da NBA. Muitos estudam para garantir o futuro, caso não passem pela malha fina dos profissionais dos grandes times.
Esse é o caso de Arnaldo, meia do São Paulo, que está no primeiro ano de fisioterapia. "Se não der sorte no futebol, vou ter uma profissão", diz.
Como a maioria é de fora de São Paulo, os jogadores acabam tendo de morar nos próprios clubes. Nos alojamentos, além de uma certa bagunça, o que rola é muita música, principalmente pagode e rap.
No Corinthians, por exemplo, os grupos preferidos são o Malícia e o Fundo de Quintal. Mas tem também a turma da dance music, ou "pomperô", como eles dizem.
O time do São Paulo é o que tem gosto musical mais eclético. A galera do rap fica com Fugees, Dr. Dre, Tupac Shakur, Snoop Doggy Dogg e Racionais MC's. Também tem clima romântico, com Mariah Carey e Whitney Huston, e reggae com Bob Marley e Steel Pulse.
Na Portuguesa, o forte dos garotos é o pagode, e os grupos Exalta Samba e Fundo de Quintal são os mais cotados.
Baladas
Nos dias de folga, os programas escolhidos são sair com a namorada ou cair na noite com os companheiros de time.
Os lugares mais frequentados são o Mistura Brasileira, o Lambar e o Soweto. Alguns jogadores do Corinthians, chamados de "playboys" pelo resto do time, vão aos bares Venice e Cabral, redutos de surfistas e mauricinhos.
O surfe, aliás, é o segundo esporte de alguns jogadores do Corinthians. O atacante Caju, 20, e o lateral Carlos Alberto, 18, trocam a bola pela prancha nos dias de folga.
Já o goleiro Turiuba entende tanto de bola quanto de touros. Antes de entrar para o time do São Paulo, foi peão de rodeio.

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