São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 1997
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Tom Hanks dá uma lição de iê-iê-iê

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

Ao contrário do que poderia indicar as duas conquistas recentes do Oscar de melhor ator, Tom Hanks se afastou das superproduções em sua estréia como diretor. E acabou fazendo um filme muito bacana, que radiografa a indústria do rock and roll nos anos 60.
"That Thing You Do!" entra em cartaz no Brasil na próxima sexta, como "The Wonders - O Sonho Não Acabou". O título original é o nome do hit da banda The Wonders, peça central da trama.
A narrativa é focada no baterista Guy Patterson (interpretado por Tom Everett Scott, que parece um irmão caçula de Hanks), mostrando como ele entra na banda quase sem querer. O líder do grupo é o vocalista e guitarrista Jimmy (Johnathon Schaech), que namora a gracinha Faye (Liv Tyler).
É bom lembrar que a história se passa antes do movimento hippie, do auge da Guerra do Vietnã e de Woodstock. O rock era ingênuo e os conjuntos de iê-iê-iê eram cultuados por um mesmo público que gostava de babas românticas como Paul Anka e Sandra Dee.
Dessa forma, os rapazes do The Wonders não querem mudar o mundo com suas músicas. O negócio deles é tocar no rádio e conquistar garotas.
Em sua peregrinação dos palcos de feiras do interior às apresentações nos programas de TV, The Wonders alcança o estrelato e, ao mesmo tempo, começa a ruir.
Guy, que era o mais cético no início do sucesso, também é aquele que demora mais a perceber que a banda está se dissolvendo.
Além de ser engraçado e contar com a música vibrante tocada pelo grupo, "The Wonders" tem também uma reconstituição de época impecável e a presença luminosa de Liv Tyler, filha do vocalista do Aerosmith. Um filme imperdível.
Ao escrever e dirigir "The Wonders", Hanks mostra grande carinho pelo rock e, principalmente, pelo jazz, que é a verdadeira paixão do baterista Guy.

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