São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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PMDB se divide sobre data da votação

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O grupo do líder do PMDB na Câmara, Michel Temer (SP), aceitou a proposta do governo de votar na próxima semana, dia 28 ou 29, a emenda da reeleição. O objetivo do grupo é preservar a candidatura de Temer à presidência da Casa.
A decisão deverá provocar um novo racha na cúpula do PMDB. Os senadores Iris Rezende (GO), candidato à presidência do Senado, Jader Barbalho (PA) e José Sarney (AP) defendem a votação da emenda após 15 de fevereiro.
Os deputados ligados a Temer tentarão convencer os senadores de que o partido ficará com um trunfo na mão: poderá votar contra a reeleição no segundo turno, em fevereiro, se o governo prejudicar a candidatura Iris no Senado.
O grupo de Temer concluiu que o PFL e o PSDB não cumpririam o acordo que garante a eleição do líder do PMDB na Câmara se o partido não votasse a emenda em plenário em janeiro.
O vice-líder Eliseu Padilha (RS) resume a posição do grupo: "Continuamos buscando o entendimento. Mas a bancada na Câmara quer preservar o seu projeto, que é a eleição de Temer. Na medida em que seja vital para esse projeto a votação da emenda em plenário, a maioria da bancada terá que decidir", disse Padilha.
O grupo de Temer aposta que a maioria dos deputados que seguem os senadores acabará votando a emenda na próxima semana.
Reuniões
Temer chegou a conclusão de que deveria aceitar a proposta do governo após conversa com os seus vice-líderes, na madrugada de ontem. Antes da reunião, ele teve um encontro com o ministro Sérgio Motta (Comunicações).
O ministro disse que o governo apostaria tudo na votação da emenda em plenário na próxima semana. O PMDB deveria escolher se ficaria contra ou a favor de FHC.
Ontem pela manhã, Temer teve uma última conversa com Iris sobre o assunto. Ouviu os mesmos argumentos de sempre. Os senadores defendem que os deputados respeitem a decisão da convenção nacional (adiamento da votação).
O líder do PMDB almoçou com os líderes governistas no restaurante Piantella. Ouviu a proposta do governo e disse que o PMDB participaria da votação.
O ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) afirmou à tarde que estaria tudo certo com o PMDB: "O Temer concordou. A convenção é um fato superado. O PMDB já votou na comissão. Não há qualquer impedimento à votação em plenário".
Santos acabara de conversar com prefeito de Contagem (MG), Newton Cardoso, no plenário da Câmara. Cardoso avisou o ministro de que a posição dos senadores continua a mesma: contra a votação em plenário em janeiro.
Cardoso conversou com Sarney de manhã. "A posição do Sarney é a mesma. Só votamos depois de 15 de fevereiro", contou o prefeito. À noite, receberia Sarney, Iris, Jader e mais 30 deputados em sua casa.
Paes
O presidente nacional do PMDB, deputado Paes de Andrade (CE), fracassou na tentativa de realizar reuniões das bancadas do partido na Câmara e no Senado para referendar a decisão da Convenção Nacional.
Ele pretendia reunir os líderes do partido na Câmara e no Senado, no final da manhã de ontem, para discutir a proposta.
No final da tarde, Temer disse à Folha que nenhuma reunião havia sido marcada.

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