São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
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Clube paranaense lança o 'socialismo'

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARINGÁ

Estreante na Série A do Campeonato Paranaense, o Maringá Futebol Clube, de Maringá (420 km a noroeste de Curitiba), criou um sistema cooperativo para poder se manter na competição.
Os atletas vão receber do clube um salário mínimo mensal -R$ 112,00. Em compensação, terão participação nas rendas dos jogos e na venda do passe de companheiros.
O jornalista Domingos Trevisan Filho, 36, presidente do Maringá e idealizador do sistema, disse que "a cooperativa vai revolucionar o futebol do interior, que, hoje, é altamente deficitário".
Em um contrato coletivo firmado entre os associados da cooperativa e o Maringá Futebol Clube, os jogadores ficaram responsáveis pela comercialização das placas publicitárias no estádio.
"No interior do Brasil, os clubes disputam a competições com jogadores de passe livre ou ex-juniores. A instabilidade profissional é muito grande. Com a cooperativa queremos mudar esse quadro aqui", afirma Trevisan.
Fundado em 1995, o Maringá foi campeão da Intermediária do Paraná no mesmo ano. No ano passado o time ascendeu da Série B para a Série A. Com dívidas de R$ 40 mil, a opção pela cooperativa no futebol foi também uma forma de diminuir os custos.
Segundo Trevisan, para montar um time em condições de se classificar para o octogonal final do Paranaense seria necessário um gasto mensal de R$ 60 mil.
Com o sistema cooperativo, os custos do clube, com despesas de alimentação, hospedagem e transporte, ficarão em torno de R$ 15 mil por mês.
Riscos
No departamento de futebol, os riscos serão assumidos pelos jogadores e pela diretoria. "Se formos bem na competição, teremos rendas e ganhos publicitários, e todos ganham; do contrário, o risco foi dividido", afirma Roderley Geraldo de Oliveira, 57, o diretor de marketing da equipe.
Com um grupo que tem uma média de idade de 23 anos, a cooperativa aposta alto no retorno com a venda do passe de jogadores após o Paranaense.
A distribuição do valor do passe do atleta vendido, entre ele, o grupo de associados e o clube é, na realidade, a maior inovação no futebol brasileiro.
"Será a primeira vez que um jogador vai ter participação sobre a venda de um companheiro, e isso aumenta a solidariedade no grupo", acredita Trevisan.
Entre os destaques do clube para o Campeonato Paranaense -com maiores potenciais de bons negócios ao longo do ano-, estão o zagueiro Olavo, o lateral Marquinhos Astorga (ex-Corinthians), os meias Gileno, Evandro (ex-XV de Jaú) e Mendonça (ex-Santos).

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