São Paulo, quarta-feira, 22 de janeiro de 1997
Próximo Texto | Índice

Oposição reabre discussão de impeachment

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A oposição neocomunista conseguiu ontem colocar na pauta do Parlamento a destituição do presidente russo, Boris Ieltsin.
Os neocomunistas têm maioria na Duma (câmara dos deputados), mas não parecem ter força para chegar ao impeachment.
Na semana passada, a Comissão de Justiça da Casa havia descartado o projeto de encerrar antecipadamente o mandato de Ieltsin devido a uma alegada "incapacidade persistente" de governar.
Mas o autor do projeto, Viktor Iliukhin, insistiu em levá-lo à discussão do plenário. Ela agora está no final da sobrecarregada pauta de hoje, e pode ficar para amanhã.
Os neocomunistas argumentam que Ieltsin já não está mais à frente dos assuntos de Estado devido a seus problemas de saúde. Mas a Comissão de Justiça diz que o afastamento por motivos de saúde não pode ser definido pelo Parlamento, segundo a Constituição.
Uma pneumonia dupla, apenas duas semanas após Ieltsin reassumir plenamente suas funções depois de sofrer uma cirurgia cardíaca, foi o pretexto para os neocomunistas tentarem o afastamento.
Agora, Ieltsin está se recuperando em uma de suas casas de campo, nos arredores de Moscou. O Kremlin diz que ele mantém controle total dos assuntos do país.
Ontem, surgiram no mercado financeiro rumores sobre uma piora no estado de saúde do presidente, negados pelo governo.
"Não comentamos rumores do mercado. É um jogo que não queremos jogar. Alguém está querendo ganhar dinheiro espalhando-os", disse um porta-voz.
O Kremlin diz que, durante esta semana, o presidente russo provavelmente manterá "uma ou duas" reuniões de trabalho.
Mas a imprensa russa diz que Ieltsin está perdendo o pulso do país. "Sua permanência no hospital se tornou não só um fato normal na vida política nacional, mas um símbolo do vazio de poder na Rússia", afirmou o moderado diário "Nezavisimaia Gazeta".
O jornal diz que, nos afastamentos anteriores de Ieltsin, os funcionários do governo se mantinham atentos ao seu retorno, mas que agora demonstraram despreocupação com a saúde do presidente.
Ontem, Ieltsin fez seu primeiro passeio fora de casa desde que ficou doente. O médico Serguei Mironov, chefe da junta que assiste o presidente, também participou da ofensiva de informação.
"Seu estado é completamente satisfatório. O presidente trabalhou sete horas sobre documentos do governo. Não só está assinando-os, como corrigindo-os".
Tchetchênia
O principal observador europeu para as eleições na Tchetchênia, Tim Guldimann, disse estar satisfeito com a organização do pleito, que deve ocorrer na semana que vem. Os russos discordam, exigindo que a comissão admita o voto fora da região separatista, para que refugiados tchetchenos possam participar da eleição.

Próximo Texto: Carro-bomba mata 5 na capital da Argélia
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.