São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
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Inocêncio ameaça candidatura

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), disse ontem que o líder do PMDB, Michel Temer (SP), está ameaçado de perder o apoio dos pefelistas na disputa pela presidência da Casa se o PMDB não aprovar a reeleição na próxima semana.
"O Temer tinha chances de ser eleito se o PMDB estivesse unido. Com o partido trabalhando contra, ele não tem chances. A bancada pode optar por não votar nele. Eu voto, mas não posso obrigar ninguém a votar", disse Inocêncio.
O líder do PFL disse que a convenção nacional do PMDB indicou uma mensagem: "'Preferimos o Senado. O Michel Temer que se lixe.' Mas no Senado eles têm uma chance em mil. Ao tentar as duas casas, o PMDB pode perder as duas".
O grupo de deputados ligados a Temer aceitou votar a emenda da reeleição na próxima semana justamente porque teme a retirada do apoio do PFL à candidatura do líder. Mas os senadores querem adiar a votação para fevereiro.
Inocêncio afirmou que o prazo limite do PMDB se esgota na próxima terça-feira: "O limite está se esgotando. O partido só dá problemas. Nós resolvemos dois ou três e eles aparecem com quatro ou cinco. Resolvemos os cinco e vêm 15".
O governo espera contar com, no mínimo, 60 votos do PMDB na próxima semana, disse o líder pefelista. "Não tivemos o PMDB unido em nenhuma votação, mas nunca houve mais de 25 votos contra. Agora, não pode passar de 40 contra."
Inocêncio afirmou que o governo terá que partir para outra alternativa se não contar com o apoio majoritário do PMDB: "Se não tivermos os votos, vamos buscar outra alternativa. Pode ser o referendo ou o plebiscito. Ninguém morre de véspera".
O deputado disse, porém, que o governo prefere que o Congresso decida sobre a reeleição: "Tenho medo que uma campanha paralise o país, que já está parado, à espera de uma decisão sobre a reeleição".
Questionado sobre o possível relançamento da sua candidatura, o líder do PFL negou essa possibilidade. "Eu tenho compromisso com Temer e vou cumprir. Mas pode cair o apoio de membros da Casa à candidatura Temer."
As ameaças de Inocêncio desagradaram os deputados que querem adiar a votação da reeleição e também àqueles que estão fechados com o governo.

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