São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
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PT deve apoiar o PPB de Maluf

PATRICIA ZORZAN
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O PT ensaia uma aproximação inédita com o PPB do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf. Com o argumento de que a escolha da Mesa da Câmara não passa por princípios ideológicos, o partido abriu mão de sua convicção anti-malufista.
"Não tenho medo de dizer que malufei", declarou ontem a então líder do PT na Casa, Sandra Starling, em seu último dia no cargo. "Se depender do meu voto, o PT apoiará Prisco Viana (PPB-BA). Vou defender o fechamento de questão."
Lideranças do PT avaliam que cerca de 60% dos 51 deputados da bancada deverão aderir a Viana. Wilson Campos (PSDB-PE) ficaria com 30%, e o governista Michel Temer (PMDB-SP), "exagerando", com 10%.
Starling, que se disse disposta a fazer campanha pelo malufista, justificou o voto recorrendo à plataforma de independência apresentada por Viana em encontro com parlamentares petistas.
A deputada afirmou que o pepebista garantiu independência em relação ao ex-prefeito e ao senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), seu conterrâneo.
Novo líder
Além de Starling, o deputado Humberto Costa (PT-PE), vice-líder do partido na Casa até ontem, declarou seu voto no pepebista.
Segundo ele, José Machado, o novo líder da bancada na Câmara -eleito ontem com 30 dos 51 votos petistas-, "está com Prisco Viana". Machado classificou a declaração de princípios do pepebista como uma "verdadeira plataforma democrática de compromisso com a Câmara".
Mesmo acreditando que Viana é a melhor opção, Costa tem dúvidas de que o partido declare uma posição oficial quanto à disputa, opinião compartilhada por José Genoino (PT-SP).
"Acho que não devemos fechar questão quanto ao seu apoio", disse Genoino.
O petista não declarou seu voto, mas fez críticas às candidaturas de Temer, a qual considerou "oficial" e de Campos, "sem perfil".
Mesmo com o apoio -ainda que velado- da maioria petista, Prisco Viana enfrentará resistências. "Não podemos votar em alguém que foi ministro da ditadura e que faz parte do partido do Maluf", declarou Hélio Bicudo (PT-SP).
A posição oficial do PT só será definida após reunião com os candidatos Temer e Campos.

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