São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Peruas amenizam efeito da paralisação

FABIO SCHIVARTCHE
OTÁVIO CABRAL
CRISPIM ALVES

FABIO SCHIVARTCHE; OTÁVIO CABRAL; CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

Maioria dos 5 milhões de pessoas que usam o sistema nas férias pagou mais, mas não ficou sem condução

As vans e Kombis de lotação contribuíram para esvaziar os efeitos da greve dos motoristas e cobradores de ônibus ontem em São Paulo.
A maioria dos paulistanos que usam diariamente o sistema pagou mais caro para chegar ao trabalho, mas não ficou sem transporte.
Segundo a SPTrans (gerenciadora do sistema), o número de usuários, normalmente 6,5 milhões, cai para 5 milhões nos meses de férias.
Para os perueiros, a greve só demonstrou que a cidade tem um outro sistema de transporte eficiente. "A ação dos perueiros foi um sucesso e serviu para esvaziar bastante a greve", afirmou Márcio Corrêa, presidente da associação da categoria na zona norte.
Segundo Laércio Ezequiel dos Santos, presidente da associação dos perueiros na zona sul, além dos 15 mil lotações habituais, mais de mil "biqueiros" aproveitaram para faturar com a greve.
Os lotações conseguiram atender a praticamente todos os passageiros na zona leste.
A Folha percorreu os principais corredores da região, entre às 5h e às 10h de ontem, e não encontrou nenhum ônibus oficial circulando.
Na zona sul, o preço chegava a R$ 5,00, apesar de a associação local ter colocado dez fiscais para impedir isso. "Quem deve ter cobrado mais foram as pessoas que fizeram bico", disse Santos.
Longa espera
Apesar do valor, muitas pessoas afirmaram não ter encontrado nem lotações para o percurso pretendido. "Já estou aqui há três horas e não consigo ir para o trabalho", disse Eduardo Pereira da Costa, 26, que aguardava um lotação no largo 13 de Maio.
Além das peruas e vans, ônibus clandestinos e de empresas de turismo (também funcionando no esquema de lotação) transportavam os passageiros.
Os lotações saíam do "centro" dos bairros e passavam pelos pontos de ônibus recolhendo passageiros. O percurso da maioria das peruas e vans era curto, com menos de cinco quilômetros, e os destinos finais eram as estações do metrô e de trem.
Utilizando esse esquema, involuntariamente, os lotações impediram a formação de grandes aglomerações nos pontos de ônibus. A espera, em alguns pontos, chegou a ser menor que nos dias normais.

Texto Anterior: As três versões para o crime
Próximo Texto: Adesão é maior na zona leste
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.