São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
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Presos dois chineses acusados de tentar suborno para liberar carga

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Dois chineses foram presos ontem no prédio do Ministério da Saúde acusados de tentar subornar o coordenador da Vigilância Sanitária para portos, aeroportos e fronteiras, Marcelo Felga.
Eles ofereceram a Felga duas latinhas de chá chinês e oito pacotes com R$ 1.000 cada.
Os dois haviam solicitado audiência com Felga por intermédio da um suposto adido comercial da Embaixada da China para tentar liberar 84 toneladas de cogumelos em conserva que haviam sido apreendidos em novembro no porto de Santos.
Os cogumelos tinham quantidade de conservante (dióxido de enxofre) acima do permitido pelo Ministério da Saúde, o que pode causar câncer, segundo Felga.
O chinês Huang Yung Fang e sua filha, Huang Shun Li, 28, chegaram ao ministério às 16h de ontem acompanhados do suposto adido.
Segundo Felga, tentaram convencê-lo a liberar os cogumelos e, na saída, ofereceram de presente duas latas com chá chinês e oito pacotes cobertos por papel pardo.
Quando abriu um dos pacotes, Felga encontrou R$ 1.000 em notas de R$ 10. Os outros sete pacotes tinham o mesmo conteúdo. Ele conta que, quando percebeu que se tratava de tentativa de suborno, os dois chineses já haviam deixado sua sala. Felga teria então chamado dois funcionários para deter pai, filha e o diplomata na portaria.
Os três foram reconduzidos ao 9º andar -onde fica a Vigilância Sanitária- para aguardar a chegada da Polícia Federal. Felga não sabia afirmar ontem se o adido da Embaixada da China tinha conhecimento do suborno. "(Ele) entrou e saiu da sala várias vezes", disse.
Durante a audiência, só quem falou foi Shun Li, já que seu pai não sabe se expressar em português. Os documentos que eles mostraram ao ser detidos estavam vencidos.
Ontem à noite, Shun Li e Yung Fang foram levados à Superintendência Regional da PF, onde seriam interrogados.
O suposto adido foi liberado após entregar a representante da PF cartão pessoal em que se identificava como diplomata da Embaixada da República Federativa da China. Porém, não existe país com esse nome, e sim República Popular da China e República da China (Taiwan). Segundo a PF, ele seria da Embaixada de Taiwan.
(DF)

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