São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bancos têm pouca fila na véspera da CPMF

LUCIANA SCHNEIDER
DA REPORTAGEM LOCAL

A expectativa de que muitas pessoas iriam aos bancos ontem pagar contas que só venceriam no final do mês, para não ter de pagar a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) que entra em vigor hoje, não se concretizou.
As filas não eram maiores do que a de outros dias. A maioria das pessoas ouvidas pela Folha nas filas dos bancos comentava que o valor da taxa da CPMF (0,2%) é insignificante e irrisório.
"Não vai fazer nenhuma diferença para mim. Acho que não há motivo para pagar contas antecipadamente", disse a bancária Denilza Silva, 28.
Para o advogado Walter Bettanio, 54, a nova contribuição é insignificante. "Isso não chega a afetar quem tem contas medianas. Se eu sacar R$ 1.000, por exemplo, vou ter de pagar só R$ 2. É muito pouco", afirma Bettanio.
Valor pequeno
O bancário João Carlos Belforti, 36, também confirma que a taxa é muito pequena. "Não vale a pena vir pagar uma conta de água, de luz, ou um outro carnezinho."
Apesar de muitas pessoas considerarem a taxa da CPMF pequena, elas acham injusta a cobrança de mais um imposto. "A minha maior dúvida é para onde vai todo esse dinheiro. Acho que não vai resolver a questão da saúde no Brasil", diz o estudante Jair Berce, 22.
O engenheiro Eduardo Ide, 28, é da mesma opinião. "Já tenho de pagar INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e um plano de saúde particular. Agora tenho de pagar mais a CPMF? Logo um imposto para a área da saúde, onde há mais gente levando propina", afirma o engenheiro.
Já a fisioterapeuta Daniela Lucchesi Prado era uma exceção na Caixa Econômica Federal (CEF) ontem. "Para me livrar da CPMF, vim pagar quatro contas que vão vencer só no final do mês."
Dúvidas
A movimentação nos bancos mesmo era nas salas dos gerentes. Havia muita gente com dúvidas sobre o novo imposto.
Segundo Aldo da Costa Honorato, gerente em exercício da Caixa Econômica Federal, cerca de 35% dos seus clientes não sabiam direito o que era a CPMF.
O microempresário Heraldo Macias Garcia, 33, acha que essa nova cobrança é um pouco confusa demais. "Eu tenho dúvidas. Aliás, todo mundo tem. É muito complicado."
Onde aplicar
Muitas pessoas também foram aos bancos para saber qual a melhor opção para aplicar o dinheiro.
O gerente administrativo do banco Bamerindus Rogério Gomes confirma que as dúvidas eram mais sobre as poupanças de 30 e 60 dias e sobre o CDB.

Texto Anterior: Instituições reajustam tarifas bancárias
Próximo Texto: Novo imposto exige mais disciplina com o dinheiro
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.