São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997 |
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Slamdance destaca 'Eight Days a Week'
ADRIANE GRAU
A ironia deste ano é que o mesmo não ocorre no Slamdance International Film Festival, que também acontece em Park City, Utah, Estados Unidos, e se pretende ainda mais independente. Liderando a corrida rumo às salas do circuito comercial está "Eight Days a Week", produção escrita e dirigida por Michael Davis. Enquanto não fechar negócio pelo menos para a distribuição internacional, ele se recusa a revelar quanto gastou. Mas é fácil ver que não foi muito. Economia A história de um adolescente que se senta no gramado em frente à casa da vizinha até que ela se apaixone por ele é mostrada em apenas uma única locação, evitando altos custos de transporte e montagem de "set". "E o pior é que perdemos a caríssima autorização de filmagem emitida pela prefeitura", revela Davis. "Aí passamos a agradar os vizinhos com café Starbucks e chocolate Godiva para que não nos denunciassem." Foram ao todo 18 dias de filmagem. Os episódios que se descortinam e se entrelaçam frente aos olhos do atônito Peter (Joshua Shaefer) são "metade autobiográficos", segundo o diretor. Davis não se importa em revelar que o episódio da melancia com a qual o personagem Nick (Johnny Green) tem relações sexuais foi inspirado numa grapefruit que fez o mesmo por ele quando era adolescente. "Ao invés de deixar a fruta no sol, como Nick faz, eu fervi para que ela ficasse morna", explica o diretor. Experiência Os diálogos bem elaborados que levam a platéia ao riso convulsivo e o encadeamento de cenas hilariantes são decorrentes da experiência de Michael Davis em escrever roteiros. Ao todo, ele elaborou 20 histórias, sendo que dez foram vendidas e cinco viraram filmes para televisão. "Tem um, chamado 'Kinsey Reports"', conta ele. "É sobre um professor engraçado que estuda sexologia." Ninguém menos que Dustin Hoffman comprou a opção de produção. 'Cinema Paradiso' A inspiração para "Eight Days a Week" surgiu, segundo ele, numa cena de "Cinema Paradiso", dirigido pelo italiano Giuseppe Tornatore, em que há uma sequência na qual um rapaz acampa na janela da amada para conquistá-la. Com tanta experiência e indiscutível talento, só mesmo escutando sua egocêntrica explicação sobre o fato de participar de Slamdance e não do mais prestigiado Sundance. "Aqui sou o melhor", justifica Michael Davis. "Lá seria apenas mais um." (AG) Texto Anterior: Waters mistura obsessão e Kennedy Próximo Texto: 'Não sou 'Sundance Kid", diz Linklater Índice |
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