São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 1997
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Viana de Lima ganha exposição em Lisboa

Um dos principais arquitetos do país é lembrado

JAIR RATTNER
DE LISBOA

Cinco anos após sua morte, a obra de um dos principais arquitetos portugueses está sendo exposta em Lisboa. Foi inaugurada ontem, na Fundação Gulbenkian, uma exposição com os principais projetos de Alfredo Viana de Lima.
Nela será possível acompanhar o percurso de Viana de Lima (1903-91). Formado na escola racionalista de arquitetura, caracterizada pelas grandes linhas retas e pela utilização de novos materiais como o concreto -Brasília é um exemplo-, ao longo de sua carreira foi se voltando à arquitetura tradicional e à manutenção de áreas históricas, tornando-se um dos maiores especialistas portugueses nessa área.
"A exposição era necessária porque Viana de Lima foi um dos grandes pioneiros da arquitetura no século 20 em Portugal e está sendo esquecido", diz o organizador Sommer Ribeiro.
Viana de Lima esteve várias vezes no Brasil como consultor da Unesco, tendo elaborado projetos para conservação de cidades como Ouro Preto e Alcântara.
Em Ouro Preto, foram suas as indicações sobre quais áreas deveriam ser preservadas e onde implantar unidades turísticas, além de ter orientado a criação do Museu da Inconfidência.
Mas sua principal obra no Brasil foi o projeto de recuperação do forte do Príncipe da Beira, na fronteira com a Bolívia.
Uma das suas maiores obras foi um trabalho junto com o arquiteto Oscar Niemeyer. Em 1966, eles desenvolveram o projeto do Cassino e Hotel do Funchal.
Recuperação do patrimônio
Discípulo de Le Corbusier, um dos mais importantes arquitetos do movimento modernista, Viana de Lima começou a trabalhar com elementos da arquitetura tradicional a partir dos anos 60.
Também participou da recuperação da zona histórica da cidade do Porto, hoje considerada patrimônio da humanidade.
Um dos seus mais importantes trabalhos de restauração foi a torre de Arzila, no Marrrocos.
A fortaleza foi erguida após a conquista da cidade pelos portugueses no século 15, mas depois foi se degradando até o século 20.
Na reconstrução da fortaleza, ele utilizou concreto para substituir o que tinha sido destruído, para demarcar o que foi reconstruído daquilo que havia sido preservado.
"Ele não quis fazer um pastiche. Respeitou todos os elementos fundamentais, mas utilizou os materiais mais convenientes e fáceis", afirma Sommer Ribeiro.
Viana de Lima também fez projetos de restauração de edifícios quinhentistas na ilha de Moçambique e em Malaca, na Ásia, onde recuperou a porta de Santiago e a igreja de São Paulo.

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