São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997 |
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A diferença no canto
EDUARDO OHATA
Essas duas perguntas, feitas há algumas semanas, resumem a opinião de Mike Tyson sobre a importância dos treinadores que o norte-americano teve. Ou seja, nenhuma. Tal pensamento, porém, não é compartilhado por seus compatriotas Sugar Ray Leonard e Trevor Berbick, entre muitos outros grandes boxeadores. Em setembro de 1981, Leonard e Thomas Hearns unificavam o título mundial dos meio-médios. Após 12 assaltos -à época, as lutas ainda duravam 15- Hearns vencia por pontos. Leonard estava apático. Durante o intervalo, o treinador de Leonard, Angelo Dundee, não se conteve. Além de passar as orientações técnicas, disse algo que mexeu com os brios do lutador: "Você está estragando tudo, filho". Dois assaltos depois, Hearns estava nocauteado. Se para um supercampeão um técnico experiente ajuda, para um pugilista de menos talento um bom treinador faz toda a diferença. Eddie Futch, que treinou gigantes como Larry Holmes e Joe Frazier, também trabalhou com lutadores mais modestos. Trevor Berbick foi um deles. Berbick iria enfrentar o hábil Greg Page. Futch descobriu que antes de desferir seu golpe mortal, o direto de direita, Page abaixava o braço, deixando o queixo exposto. O treinador instruiu Berbick para que soltasse vários ganchos de esquerda na direção do queixo do adversário. Deste modo, o braço direito de Page ficaria "preso" na defesa. Berbick venceu. Em vez de criticar, Tyson deveria seguir esses exemplos e examinar melhor o seu córner. Jay Bright, seu atual treinador, é o mesmo que o orientou em suas duas derrotas, para James "Buster" Douglas e, agora, para Evander Holyfield. Texto Anterior: A dignidade que resgata o atletismo canadense Próximo Texto: Azumah Nelson; Palhas; Revanche Índice |
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