São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Desmassificação da TV é fenômeno irreversível
NELSON HOINEFF
Não tem nada a ver com a qualidade e nem com a cara do produto. O fato é que a televisão atravessa neste momento o período de transição para a desmassificação. O espectador já percebe duas coisas: que dentro de pouquíssimo tempo viver sem TV paga será equivalente a viver sem telefone e que a quantidade de canais vai afetar para sempre a sua "fidelidade" a um canal aberto. Nos EUA isso já aconteceu há muito tempo. O "share" de cada uma das grandes redes, que era de 31% antes da chegada da TV por assinatura, hoje não passa dos 12%. O resto foi para as redes de cabo e ficou por lá, pulverizada. A CNN, por exemplo, é o sucesso que é com menos de 3% da audiência doméstica. A idéia de que 60 milhões de brasileiros queiram ver a mesmíssima coisa ao mesmo tempo, que sempre foi esquizofrênica, agora é também anacrônica. O espectador começa a reagir não à qualidade, mas à sua própria atitude. De alguma forma, percebe que já não precisa tanto assistir ao "Jornal Nacional" ou à novela das oito para se sentir parte da sua sociedade. A televisão caminha irreversivelmente no sentido da tematização e da segmentação. Encarar esse novo modelo faz parte dos desafios das grandes redes. Nem o "JN" nem qualquer outro programa da TV brasileira voltará jamais ao patamar de 70 pontos. Isso é bom, porque reduz o compromisso com o impossível -falar com o maior número de pessoas ao mesmo tempo, reduzindo a informação à sua forma mais banal- e porque estimula a busca pelas diferenças, enfraquecendo o servilismo às semelhanças que marca um dos mais obscuros períodos da TV. Texto Anterior: Novela mexicana prende público Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |