São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 1997
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Stone filma o barroco

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Oliver Stone é o homem, ao menos no cinema americano, que todos amam odiar. Seus filmes parecem ser uma afronta à cultura do lugar onde nasceu.
"Assassinos Por Natureza" (HBO, às 2h15) foi o seu grande momento de exagero, a materialização radical de algo que o perturba. E o que exatamente o incomoda? Certamente os acontecimentos que formaram a história de seu país e uma certa compulsão em descobrir "a verdade sobre os fatos".
O que Stone quer saber aqui -nas aventuras de um casal de assassinos adorado pela mídia- é como toda uma nação se desvirtuou de seu caminho de verdade e justiça para se transformar em adoradora da propaganda, da televisão e dos jornais de escândalo.
O ataque é violento, frenético. Stone usa todos os recursos disponíveis para agredir essa doença que corrói a sua América. Tecnicamente é brilhante. Há uma maestria nas imagens que chega ao entorpecimento.
A falha está exatamente nesse barroquismo. Oliver Stone, em algum momento desse "Assassinos Por Natureza", parece ter se apaixonado pelo objeto que odeia: o escândalo.
(MR)

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